
Mercado “reavalia” perspectiva para início de cortes na taxa de juros dos EUA
A primeira semana do ano foi marcada por uma leve reavaliação das perspectivas para o início do ciclo de cortes da taxa de juros dos Estados Unidos por parte do mercado.
Para começar, a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (FED), banco central do país, apresentou um conteúdo mais duro do que o esperado pelos especialistas.
Esperando ver uma certa inclinação para iniciar os ciclos de cortes em breve, o mercado foi surpreendido com incertezas por parte dos integrantes.
Ainda que o documento tenha indicado que os juros não devem mais subir mesmo, ele não deu qualquer sinal do comitê estar em vias de iniciar o ciclo de afrouxamento monetário, contrariando a expectativa de que isso deveria acontecer já na reunião de Março.
Além da ata, uma série de dados do mercado de trabalho norte-americano colocaram mais lenha na fogueira em torno do debate, apresentando desempenho superior ao esperado.
O Payroll indicou a geração de 216 mil novos empregos em Dezembro, bem acima do esperado, com a taxa de desemprego permanecendo em 3,7%, patamar bem baixo, historicamente falando.
Nesse contexto, ainda que a perspectiva de cortes em Março siga majoritária, ela perdeu forças, fazendo com que Wall Street encerrasse a semana em queda enquanto a rentabilidade dos títulos públicos dos Estados Unidos com vencimento em 5 e 10 anos voltassem a superar os 4% ao ano.
Por aqui, divergências entre o Legislativo e o Executivo tanto com relação ao veto parcial da LDO de 2024 quanto com relação à MP apresentada pelo Ministério da Fazenda no final do ano passado ajudaram a pressionar o Ibovespa, que também teve movimento de realização.
Ainda assim, dados positivos amenizaram o movimento.
A balança comercial do país fechou o ano passado com recorde histórico, totalizando US$98,8 bilhões, enquanto a dívida pública avançou menos do que o previsto, encerrando 2023 em 75% do PIB.
Dessa forma, o principal índice acionário brasileiro retornou aos 132 mil pontos, enquanto o dólar fechou cotado a R$4,87.
Brasil
🇧🇷 Ibovespa: 132.022,92 (-1,61%)
🇺🇸 Dólar: R$4,8720 (+0,42%)
🇪🇺 Euro: R$5,3320 (-0,43%)
Estados Unidos
🇺🇸 Nasdaq: 14.524,07 (-3,25%)
🇺🇸 S&P 500: 4.697,24 (-1,52%)
🇺🇸 Dow J.: 37.466,11 (-0,59%)
Europa
🇬🇧 FTSE 100: 7.689,61 (-0,56%)
🇪🇺 Stoxx 50: 4.463,45 (-1,29%)
🇩🇪 DAX: 16.594,21 (-0,94%)
Ásia & Pacífico
🇯🇵 Nikkei 225: 33.377,42 (-0,26%)
🇨🇳 Shanghai: 2.929,18 (-1,54%)
🇨🇳 SZSE: 9.116,44 (-4,29%)
Dólar
🌎 Índice Dólar: 102,145 (+1,10%)
🇪🇺 Euro: 0,9139 (+0,87%)
🇬🇧 Libra: 0,7862 (+0,10%)
Commodities
🛢️ Brent: US$78,76 (+2,23%)
🪨 Minério: US$140,70 (+2,48%)
🥇 Ouro: US$2.052,60 (-0,80%)

Ata do FED divide especialistas sobre início do ciclo de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos
O Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, divulgou, nesta quarta-feira (3), a ata da última reunião do seu comitê de política monetária (FOMC, na sigla em inglês).
Na ocasião, os integrantes optaram por manter a taxa de juros norte-americana inalterada pela terceira vez consecutiva no patamar entre 5,25% a 5,50%, conforme o esperado, e, durante coletiva de imprensa concedida, Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, deu a entender que, em breve, teriam início os debates sobre quando iniciar o ciclo de cortes.
Esse posicionamento foi o grande propulsor do mercado global no final de 2023, com os investidores apostando que o FED deveria cortar os juros já na reunião de Março deste ano e projetando que a taxa de juros dos Estados Unidos deveria cair até o patamar entre 3,75% a 4,00% em Dezembro.
No documento divulgado hoje, o comitê enxerga que a taxa já se encontra em seu pico (patamar mais elevado de um ciclo) ou próximo dele, “embora tenham notado que a sua trajetória dependerá da forma como a economia evoluir”.
Eles também admitiram que a política monetária mais restritiva tem surtido efeito no combate à inflação, enxergando progressos, também, no mercado de trabalho do país.
O gráfico de pontos divulgado junto com o comunicado que acompanhou a decisão tomada na reunião do final do ano passado indicou que os membros do FOMC esperavam três cortes para este ano.
Com relação a isso, a ata afirma que “quase todos os participantes indicaram que, refletindo as melhorias nas suas perspetivas de inflação, as suas projeções de base implicavam que um intervalo alvo mais baixo para a taxa dos fundos federais seria apropriado até ao final de 2024”.

Payroll de Dezembro acima do esperado divide especialistas e mercado
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou, na manhã de hoje (5), o Payroll, relatório mensal do mercado de trabalho norte-americano, referente a Dezembro.
Foram criados 216 mil novos empregos no país no último mês de 2023, 43 mil acima do resultado revisado de Novembro e 46 mil acima do esperado pelos especialistas.
Este é o segundo mês consecutivo de alta no número de contratações na economia norte-americana, além de também ser a segunda vez consecutiva que os números superam as expectativas dos especialistas.
No ano, os Estados Unidos geraram cerca de 2,7 milhões de empregos, média mensal de 225 mil. Em 2022, foram gerados 4,8 milhões de empregos, com média mensal de 399 mil.
Além de Novembro, cuja primeira leitura havia apontado 199 mil empregos gerados, Outubro também foi revisado para baixo, passando de 150 mil contratações para 105 mil.
Dos sete setores analisados, apenas o de Transporte e Armazenamento apresentou saldo líquido negativo, registrando perda de 23 mil empregos.
Dentre os demais, o resultado foi puxado pelo Setor Público, que registrou 52 mil novas contratações, seguido pelos setores de Lazer e Hospitalidade (40 mil), Saúde (38 mil), Assistência Social (21 mil), Construção (17 mil) e Comércio Varejista (17 mil).
Com isso, a taxa de desemprego permaneceu inalterada em 3,7%, ante expectativa de avanço de 0,1 ponto percentual, para 3,8%, enquanto a taxa de participação recuou 0,3 ponto percentual, para 62,5%.
➕ Destaques:
🇪🇺 Inflação aumenta debate: a prévia da inflação da Zona do Euro avançou menos do que o esperado em Dezembro, de acordo com os dados preliminares divulgados esta semana. Isso foi suficiente para intensificar o debate em torno de quando o Banco Central Europeu (BCE) irá dar início ao ciclo de afrouxamento monetário.
🇧🇷 Balança comercial bate recorde: a balança comercial brasileira encerrou 2023 com superávit de US$98,8 bilhões, recorde histórico, superando 2022 em 60,6%, quando somou US$61,5 bilhões e foi recorde até então. As exportações também bateram recorde em 2023, totalizando US$339,7 bilhões, alta de 1,7% no comparativo anual, enquanto as importações recuaram 11,7% na mesma base comparativa.
🇺🇸 Oferta de empregos cai em Novembro: o número de vagas disponíveis apresentou forte queda em Novembro, totalizando 8,790 milhões, seu menor nível desde Março de 2021, de acordo com o relatório de Oferta de Empregos JOLTs. O desempenho foi visto com bons olhos pelos especialistas dentro do contexto de combate à inflação no país.
🔝 Mais lidas da semana:
→ Banco Safra se mostra otimista com perspectivas e faz uma troca em carteira recomendada para Janeiro
→ Gestora SPX destaca postura do FED e acredita que BCE e BoE devem segui-lo em breve
→ Gestora Kinea faz balanço de 2023 em carta mensal de Dezembro
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→ Gestora Ibiuna vê excesso em precificação de cortes nas taxas de juros das economias desenvolvidas
📝 Colunas da Semana:
O que vem pela frente?
A semana que se inicia hoje tem agenda praticamente vazia, com dados importantes sendo divulgados apenas à partir de quinta-feira (11).
Foco na inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que promete movimentar os mercados, conforme incertezas com relação às perspectivas para o início do ciclo de cortes na taxa de juros do país tomam conta dos investidores.
Além disso, a Balança Comercial da China referente a Dezembro, que será divulgada na madrugada de sexta-feira (12), vem sendo considerada por vários especialistas como um possível “ponto de inflexão” e vale a atenção.
Por aqui, o IPCA de Dezembro sai na quinta-feira também e os olhos do mercado devem se voltar para os dados de inflação do setor de serviços.
🗓️ Quinta (11): IPCA (Dez) 🇧🇷
🗓️ Quinta (11): Inflação ao Consumidor (Dez) 🇺🇸
🗓️ Sexta (12): Balança Comercial (Dez) 🇨🇳
🗓️ Sexta (12): PIB (Nov) 🇬🇧
🗓️ Sexta (12): Inflação ao produtor (Dez) 🇺🇸