A gestora de recursos independente Neo publicou, na semana passada, sua carta mensal referente a Julho, destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Na publicação, a gestora destacou que “o cenário global seguiu evoluindo na direção que esperávamos, com números relativamente baixos de inflação nos Estados Unidos abrindo as portas para cortes de juros a partir de setembro”.
“Entre os demais bancos centrais que cobrimos, quase todos continuaram seus ciclos de cortes ou deram indicações de que continuarão ou iniciarão, com exceção do Japão e do Brasil”, pontua.
Com relação à política monetária japonesa, a Neo acredita que o Banco do Japão deve levar os juros reais de volta ao patamar pré-pandemia, em torno de -1%, o que implica em novos aumentos no futuro, além do anunciado mês passado, o que deve fazer com que o diferencial de juros entre o país e as economias desenvolvidas continue diminuindo, puxando o iene.
Olhando para o Brasil, Luciano Sobral, economista-chefe da Neo, afirma que o nível de taxa de câmbio “tolerável” é “um pouco mais desvalorizado do que imaginávamos, já que o resultado apresentado do modelo ainda vê a inflação no horizonte relevante ao redor da meta (em 3,2%) mesmo com o dólar/real em 5,50”.
Isso quer dizer que, na visão de Sobral, se a moeda brasileira não apresentar uma rodada extra de deterioração, o Copom deve manter a taxa Selic em 10,50% ao ano para observar qual a reação dos mercados com o início do ciclo de cortes na taxa de juros norte-americana.
Voltando-se para a economia doméstica, ele destaca o desempenho surpreendentemente positivo dos dados divulgados ao longo do mês passado, o que os levou a elevar suas perspectivas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano e no ano que vem, que passaram a 2,5% e 1,9%, respectivamente.
“Como consequência, esperamos um pouco mais de inflação de serviços, com a variação anual do IPCA cheio atingindo 4,2% em 2024 e 2025”, acrescenta.
Com isso, no mercado de juros doméstico, a gestora se mantém vendida na inclinação da parte curta da curva, enquanto segue comprada na parte intermediária e na parte longa, apesar de ter reduzido sua posição na última.
“Acreditamos que desta forma estaremos melhor posicionados para capturar ganhos em nosso cenário base e se aproveitar de movimentos de mercado que não façam sentido em nossa visão”, afirma.
Já com relação ao mercado de ações, ela manteve seu portóflio estável em Julho.
“A atratividade das nossas posições direcionais não mudou e não fizemos nenhum ajuste na carteira”, comenta.
“Nas posições de valor relativo, fizemos algumas movimentações em função de notícias e oscilações de preços, mas a alocação consolidada permaneceu relativamente estável”.
Lá fora, ela zerou todas as posições vendidas em juros e ainda reduziu boa parte das operações de diferencial de juros e de ações.
O Neo Multiestratégia, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 0,71% no mês passado, equivalente a CDI -0,20%.