A Natura (NTCO3) divulgou, na noite de ontem (12), o seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano.
A companhia reportou prejuízo líquido consolidado de R$858,9 milhões, alta de 17,4% quando comparado com o resultado negativo em R$732 milhões de um ano antes, ocasionado, de acordo com a empresa, pelo “write-off” não-caixa não-recorrente de R$725 milhões, que acabou impactando a linha de impostos neste trimestre.
Seu prejuízo líquido atribuído aos acionistas controladores também cresceu 17,4% no comparativo anual, para R$859 milhões.
Seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação) consolidado ajustado avançou 14,2% em comparação ao segundo trimestre do ano, para R$808,5 milhões.
Já sua receita líquida registrou alta anual de R$5,4%, para R$7,352 bilhões.
Para o time de análises do BB Investimentos, o resultado foi “misto”.
“Do lado positivo, a companhia apresentou melhora de margem bruta e margem Ebitda por mais um trimestre, ambas com incremento de 0,5 p.p. na comparação anual, seguindo sua estratégia de melhoria de rentabilidade”, afirmou Andréa Aznar, analista que assina o relatório.
“Entretanto, do lado negativo, mencionamos por mais um trimestre os resultados da Avon International, que tem puxado os resultados da companhia para baixo”.
A analista ainda destacou que a Natura “suspendeu o estudo de spin-off da Avon International dado o início do processo de reestruturação da Avon Products Inc. (API) no Tribunal de Falências dos Estados Unidos”, informado na manhã de hoje.
Esse novo episódio da Avon deve pesar sobre o as ações da companhia, na visão de Aznar, sobressaindo ao resultado total do grupo.
Por isso, ela optou por rebaixar a recomendação para elas (NTCO3) para “Venda”, com preço-alvo de R$18,20, com potencial de ganho de 11,11% quando comparado com seu fechamento de ontem, a R$16,38.
Da mesma forma, a XP também considerou o resultado misto, “com tendências de melhora na NTCO LatAm, mas uma Avon Internacional ainda fraca e efeitos não recorrentes no resultado”.
Para os analistas Danniela Heiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, o destaque foi a rentabilidade da companhia, “com a margem bruta consolidada aumentando em +0,5p.p em relação ao ano anterior, devido ao melhor mix de produtos e canais na Natura&Co. LatAm (+1,1p.p), que mais do que compensou a pressão da Avon Internacional (-2,3p.p) em relação à fabricação de SKUs da TBS”.
“Enquanto isso, o EBITDA ajustado consolidado atingiu R$804 milhões, com uma margem de 10,9% (+0,8p.p em relação ao ano anterior), apoiado pelo desempenho da NTCO LatAm (+1,1p.p), onde investimentos mais pesados em marketing foram compensados por eficiências de integração, enquanto a margem da Avon Internacional permaneceu fraca (-1,8p.p)”, acrescentam.
Com relação ao anúncio da Avon, o trio afirma que isso leva aos momentos finais do processo de simplificação corporativa que a companhia passa.
“Como a NTCO é o maior credor da API, ela apoiará a empresa por meio de um DIP (debtor-in-possession) de $43 milhões, ao mesmo tempo em que fará uma oferta de $125 milhões para adquirir as operações da API fora dos EUA (especialmente a Avon Intl.) por meio de um processo de leilão judicial, parte da reestruturação. A Avon LatAm não faz parte desse processo”, explicam.
“Se esse pedido for aceito pelo tribunal, há duas alternativas: (i) a NTCO fica com a Avon Intl. sem nenhum risco de litígio; ou (ii) outra empresa supera a NTCO e fica com a Avon Intl. deixando a NTCO apenas com a NTCO LatAm”.
O trio ainda acrescenta que “em termos de saídas de caixa, está limitado ao DIP de US$ 43 milhões, pois a oferta será feita usando os créditos da NTCO contra a API”.
Com isso, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ações (NTCO3), com preço-alvo de R$21,00, com potencial de ganho de 28,21%.