A Marfrig (MRFG3) divulgou, na noite de ontem (14), seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano.
A companhia reverteu prejuízo de R$784 milhões registrado um ano antes, reportando lucro líquido consolidado de R$75 milhões entre Abril e Junho de 2024, refletindo, de acordo com ela, uma combinação entre a sua participação na BRF (BRFS3) e seu novo modelo de negócios para operação na América do Sul, implementado recentemente, além da força da operação na América do Norte.
O seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu 64,8% em um ano, para R$3,378 bilhões, com sua margem Ebitda ajustada saltando 2,8 pontos percentuais, para 9,7%.
Já sua receita cresceu 16,5% quando comparada com o mesmo período de 2023, para R$34,7 bilhões.
Para os analistas do Bradesco BBI, apesar de em linha, o resultado traz aspectos positivos.
“Qualitativamente falando, os resultados da Marfrig entregaram praticamente tudo o que precisavam”, afirmaram.
“A margem EBITDA perdida na América do Sul foi a principal decepção, mas acreditamos que isso foi compensado pela aceleração das receitas na divisão e por um desempenho superior contínuo na América do Norte”.
Eles acreditam, também, que os fortes números apresentados pela JBS no segundo trimestre devem ajudar no case da Marfrig.
“Ainda assim, continuamos esperando que as margens na América do Norte tenham dificuldades, dificultando o ritmo autônomo de desalavancagem da Marfrig e se traduzindo em múltiplos mais altos para a empresa pelo menos até 2026, o que apoia nossa Neutralidade”, ponderaram.
Dessa maneira, a instituição manteve recomendação “Neutra” para suas ações (MRFG3), com preço-alvo de R$15,00, com potencial de ganho de 16,91% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$12,83.
O time de análises do Santander também gostou dos números apresentados, destacando o desempenho da companhia nos Estados Unidos.
“As operações na América do Norte continuaram a superar seus pares, dada a sua maior exposição à carne bovina classificada, o que acreditamos deverá reduzir a volatilidade dos lucros em meio a uma desaceleração do mercado nos Estados Unidos”, afirmaram os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata.
Por outro lado, o resultado na América do Sul ficou abaixo do que estimava a dupla, impactado, principalmente, pela redução do poder de compra na Argentina, reduzindo volumes e margens no país, enquanto por aqui os números foram impulsionados tanto pelo forte ciclo do gado quanto pela desvalorização cambial, o que deve continuar impulsionando a companhia no mercado doméstico no terceiro trimestre.
Sendo assim, eles reiteraram recomendação “Outperform”, equivalente a “Compra”, com preço-alvo de R$15,70, com potencial de ganho de 12,37%.
Da mesma forma, a XP também gostou do que viu, chamando o resultado de “sólido e melhor do que o esperado”.
Os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak afirmaram que o bom desempenho foi “impulsionado pelos resultados mais fortes do que o esperado em National Beef, que ampliou sua diferença em relação aos seus peers”.
“A operação de US Beef apresentou uma margem EBITDA ajustada de 2,9% (+10bps vs. XPe e +80bps T/T) com sólidos números de receita, embora alguns participantes do setor estejam destacando mudanças de consumo entre as proteínas devido à carne bovina cara”, acrescentam.
Apesar disso, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo de R$8,70, 32,19% abaixo do seu fechamento de ontem.