O presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, fez seu tradicional pronunciamento no Simpósio de Jackson Hole nesta sexta-feira (23).
Powell afirmou que “chegou a hora” de ajustar a política monetária norte-americana.
“A direção da viagem é clara, e o momento e o ritmo dos cortes de taxas dependerão dos dados recebidos, da perspectiva em evolução e do equilíbrio de riscos”, comentou ele.
“Nosso objetivo tem sido restaurar a estabilidade de preços, mantendo um mercado de trabalho forte, evitando os aumentos acentuados no desemprego que caracterizaram episódios desinflacionários anteriores, quando as expectativas de inflação estavam menos bem ancoradas”.
Ele afirmou que a inflação teve progressos significativos, apesar da tarefa de levá-la novamente à meta de 2% ainda não estar concluída.
Com isso, a autoridade monetária pode voltar a focar em seu duplo mandato, ou seja, equilibrar as preocupações com os preços com a busca pelo pleno emprego, de acordo com ele.
“A inflação caiu significativamente. O mercado de trabalho não está mais superaquecido, e as condições agora são menos apertadas do que aquelas que prevaleciam antes da pandemia”, pontuou Powell.
“As restrições de oferta se normalizaram. E o equilíbrio dos riscos para nossos dois mandatos mudou”.
Powell ainda prometeu que o FED fará tudo o que puder” para garantir que o mercado de trabalho se mantenha forte e que o progresso na inflação continue.
“Faremos tudo o que pudermos para dar suporte a um mercado de trabalho forte à medida que avançamos em direção à estabilidade de preços. Com uma redução apropriada da contenção política, há boas razões para pensar que a economia retornará à inflação de 2%, mantendo um mercado de trabalho forte”, disse.
Para o economista Paul McCulley, ex-diretor administrativo da Pimco, o discurso foi uma “virada de página”.
“Esta foi essencialmente uma despedida do presidente Powell virando a página, dizendo que a missão, que tem se concentrado na inflação nos últimos dois anos, foi bem-sucedida”, comentou, à CNBC.
Joseph LaVorgna, economista-chefe da SMBC Nikko Securities, acredita que essa é a confirmação de que o FED “deve fazer o que tem que fazer” daqui para a frente.
“Não acho que a barra para [um corte de] 50 [pontos-base, 0,50 ponto percentual] seja particularmente alta”, acrescentou.
Por outro lado, o estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research, acredita que o FED não deve começar “explodir de cara com um corte de 50 pontos-base”.
“Acho que devagar e sempre é como o Fed quer dar o ritmo dessa parte inicial da flexibilização”, pontuou.
No mercado, as apostas em um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Setembro ganhou forças, passando de 24,0% para 34,5%, mas a maioria dos investidores (65,5%) ainda acredita que a primeira redução será de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Para o ano, o mercado segue prevendo que os juros devem cair 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) em comparação ao patamar atual, de 5,25%-5,50% ao ano.
De acordo com a ferramenta FEDWatch, do CME Group, os investidores projetam um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Novembro e outro de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Dezembro, com os juros do país encerrando o ano no intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano.
Para o primeiro semestre do ano que vem, a previsão é que os juros caiam 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) sequencialmente nos quatro encontros marcados para o período, reduzindo os juros novamente em 1,00 ponto percentual, para 3,25%-3,50% ao ano.