O Departamento de Estatísticas da Alemanha (Destatis, na sigla em inglês) divulgou hoje o seu relatório mensal da indústria do país referente a Julho.
A produção do setor recuou -2,4% no mês, revertendo o resultado positivo de 1,7% (revisado para cima) registrado em Junho e ficando bem abaixo da queda de -0,4% estimada pelos especialistas.
A indústria automotiva, considerada um expoente no país, recuou 8,1% no mês, depois de subir 7,9% no relatório anterior.
No comparativo móvel trimestral, o período entre Maio e Julho registrou queda de -2,7% em comparação ao resultado auferido entre Fevereiro e Abril deste ano.
O resultado reforçou as preocupações dos especialistas com a principal economia da Zona do Euro, que tem dado sinais mais contundentes de enfraquecimento nos relatórios divulgados recentemente.
Para o time de análises do banco holandês ING, o resultado é um “banho de água fria” nos mais otimistas.
“Na verdade, eles sugerem que o fundo do poço da indústria ainda tem um longo caminho a percorrer”, acrescentam, em nota publicada após a divulgação dos dados.
O economista-sênior do banco alemão Commerzbank, Ralph Solveen, partilha da mesma visão.
Para ele, os recentes indicadores sugerem que a economia do país não deve se recuperar com a velocidade com que previam anteriormente.
“Há um risco crescente de que a economia alemã continue a se contrair ligeiramente no terceiro trimestre”, pontuou.
Franziska Palmas, economista-sênior para Europa da consultoria Capital Economics, afirmou que o número reforça as perspectivas para a economia alemã.
“A fraqueza da indústria alemã é uma das principais razões pelas quais esperamos que a economia alemã fique estagnada no resto deste ano”, comentou.
A economista-sênior para Europa na consultoria Pantheon Macroeconomics, Melanie Debono, acredita que a indústria alemã só poderá responder positivamente quando o quadro externo melhorar.
“A queda acentuada no superávit comercial em julho, a segunda consecutiva, não sugere que isso esteja acontecendo”, complementa.
A balança comercial do país registrou superávit de US$16,8 bilhões em Julho, menor do que o previsto pelos especialistas, de acordo com dados publicados também hoje.
“As tendências na indústria, importações e exportações ainda parecem recessivas, destacando o risco de que a economia esteja agora caindo em uma recessão técnica”, pontuou Debono.
Olhando para todo o bloco, os efeitos da situação da Alemanha são vistos nos números da Zona do Euro.
A Agência de Estatísticas da União Europeia divulgou hoje a terceira leitura do Produto Interno Bruto do bloco referente ao segundo trimestre do ano, que apresentou crescimento de 0,2%, 0,1 ponto percentual abaixo do registrado na prévia anterior.
Já no comparativo anual, o resultado foi de 0,6%, em linha com o reportado na segunda rodada de dados preliminares.
A expectativa, para os especialistas, é que o enfraquecimento da economia alemã faça com que o Banco Central Europeu (BCE) promova um novo corte na taxa de juros da Zona do Euro, aproveitando que o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, já anunciou que deve iniciar seu ciclo de flexibilização monetária em Setembro.