O Payroll de Agosto apresentou desempenho abaixo do esperado em Agosto, registrando que a economia norte-americana gerou 142 mil novos empregos no mês ante expectativa de 164 mil dos especialistas.
Além disso, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos usou o relatório divulgado hoje de manhã para revisar os números de Julho e de Junho para 89 mil (de 114 mil) e para 118 mil (de 206 mil), respectivamente.
O resultado do mês passado atrelado às correções dos períodos anteriores dividiu ainda mais o mercado e especialistas com relação às perspectivas para a política monetária do país, com praticamente metade deles apostando em um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), em Setembro enquanto a outra metade prevê uma redução de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Uma coisa, porém, é consenso: o Federal Reserve (FED), banco central do país, irá cortar os juros em Setembro.
Inclusive, dois integrantes do FED, o presidente regional de Nova York, John Williams, e o diretor da autoridade monetária, Christopher Waller, afirmaram isso em seus respectivos discursos, feitos após os dados divulgados hoje cedo.
“Com a economia agora em equilíbrio e a inflação a caminho de 2%, é apropriado diminuir agora o grau de restrição na política monetária, reduzindo a faixa da meta para a taxa de juros”, afirmou Williams, em discurso preparado para uma reunião realizada no Conselho de Relações Exteriores em Nova York.
“A postura da política monetária pode ser movida para uma configuração mais neutra ao longo do tempo, dependendo da evolução dos dados, das perspectivas e dos riscos para atingir nossos objetivos”.
Apesar disso, Williams se mostrou mais inclinado a optar por reduções graduais, fortalecendo as perspectivas de que o FED deve caminhar para um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em seu próximo encontro.
Por outro lado, Waller se mostrou aberto a opções mais agressivas.
“Se os dados apoiarem os cortes em reuniões consecutivas, acredito que será apropriado fazer cortes em reuniões consecutivas”, afirmou ele, em discurso preparado para um evento na Universidade de Notre Dame.
“Se os dados sugerirem a necessidade de cortes maiores, também darei meu apoio”.
Waller ainda lembrou que foi “um grande defensor de antecipar os aumentos dos juros quando a inflação acelerou em 2022” e que, agora, será “um defensor de antecipar os cortes se isso for apropriado”.
As falas dos dois integrantes do FED causou bastante volatilidade no mercado em geral, mas principalmente nas apostas dos investidores para a próxima reunião de política monetária norte-americana.
Logo após a divulgação do relatório, nesta manhã, a ferramenta FEDWatch, do CME Group, indicava que a maioria deles apostava em um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) ante expectativa de redução de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Durante os discursos de ambos os diretores, porém, essa relação foi se alterando e, agora, 77% dos investidores apostam em um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), enquanto apenas 23% acredita em uma redução de maior intensidade, de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Para os especialistas, sem grandes conclusões a serem tiradas dos dados do Payroll, o mercado deve passar a focar mais nos discursos dos integrantes do FED até a data do encontro do comitê de política monetária, marcada para 18 de Setembro, para tentar encontrar pistas de qual será a decisão a ser anunciada.