O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (10), o Índice Nacional de Preços ao Ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a Agosto.
A inflação brasileira registrou queda de -0,02% no mês, depois de subir 0,38% em Julho. O resultado surpreendeu os especialistas, que previam alta de 0,01% no período.
No acumulado dos últimos 12 meses, ela avançou 4,24%, 0,26 ponto percentual abaixo do registrado no mês anterior e 0,06 ponto percentual inferior ao estimado. Já em 2024, o IPCA acumulou alta de 2,85%.
O resultado foi influenciado pelas quedas nos preços de Habitação (-0,51%), pressionado pelo recuo de -2,77% da energia elétrica, e de Alimentos & Bebidas (-0,44%), com a queda de -0,73% da alimentação no domicílio sendo parcialmente compensada pelo avanço de 0,33% da alimentação fora do domicílio.
Na ponta contrária, o destaque ficou para o setor de Artigos para Residência, que registrou alta de 0,74%, seguido por Educação (0,73%) e Vestuário (0,39%).
A inflação de serviços arrefeceu 0,51 ponto percentual no mês, chegando a 0,24%, enquanto serviços subjacentes apresentou desaceleração de 0,35 ponto percentual, para 0,28%.
A média dos núcleos do IPCA arrefeceram de 0,43% em Julho para 0,25% no mês passado, enquanto a difusão recuou 9,1 pontos percentuais, passando de 56% para 46,9%.
Ainda que tenha surpreendido os especialistas, o resultado dividiu opiniões.
Leonardo Costa, da ASA Investments, afirmou que o resultado não altera sua estimativa de alta de 4,4% para o IPCA deste ano, acrescentando que, na verdade, ela tem viés de alta.
Isso porque ele acredita que os preços dos alimentos e da energia devem voltar a subir em breve, puxando o índice.
Por outro lado, Igor Cadilhac, economista-chefe do PicPay, comentou que, qualitativamente falando, o resultado também foi positivo, justificando que as principais métricas apresentaram desaceleração, o que corrobora seu cenário de que a inflação deve terminar o ano dentro da meta.
Apesar disso, ele manteve sua previsão de avanço de 4,4% do IPCA para 2024, admitindo que ela segue com alguns riscos altistas.
O economista-chefe da Skopos, Chirstian Thorgaard, também se mostrou satisfeito com o relatório, tanto quantitativamente quanto qualitativamente.
Ele destacou a desaceleração de serviços e de serviços subjacentes, além da média dos núcleos, que “apresentou desempenho muito positivo”.
Olhando para frente, Thorgaard afirma que existem risco de alta para o IPCA por conta do aumento de preços em energia, mas que a parte que o Banco Central mais foca para tomar decisões relacionadas à política monetária do país apresentou um bom comportamento.
Da mesma forma, a economista-chefe da Armor Capital, Andréa Damico, gostou do resultado, afirmando que ele teve uma composição muito melhor do que o previsto e do relatório anterior.
Ela ainda pontuou que, na sua visão, é possível que o índice permita ao Banco Central do Brasil uma reflexão maior sobre uma possível elevação da taxa Selic no próximo encontro, na semana que vem.