O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, nesta quinta-feira (12) que optou por reduzir suas taxas de juros, como era amplamente esperado pelos especialistas.
Com isso, a taxa de juros principal do bloco passou de 3,75% ao ano para 3,50% ao ano, enquanto a taxa de refinanciamento e de cedência de liquidez foram cortadas em 60 pontos-base (0,60 ponto percentual), para 3,65% ao ano e 3,90% ao ano, respectivamente.
Ainda assim, em comunicado que acompanha o anúncio, o BCE afirmou que “continuará a seguir uma abordagem dependente de dados e reunião por reunião para determinar o nível e a duração apropriados da restrição”.
“Em particular, suas decisões sobre taxas de juros serão baseadas em sua avaliação da perspectiva de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, acrescentou.
Em coletiva de imprensa concedida após o anúncio, Christine Lagarde, presidente do BCE, afirmou que a decisão foi unânime.
“Achamos que, dado esse processo desinflacionário gradual, seria perfeitamente apropriado moderar o grau de restrição da política monetária”, comentou.
Apesar disso, ela reiterou que a autoridade monetária não está se “comprometendo previamente com uma trajetória de taxa específica”, acrescentando que o BCE segue dependente de dados a serem analisados a cada reunião.
“Em particular, suas decisões sobre taxas de juros serão baseadas em sua avaliação da perspectiva de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, pontuou.
Lagarde destacou que a inflação do bloco encontra-se em um quadro misto, sustentado pelo aumento dos salários mesmo com as pressões gerais sobre os custos trabalhistas apresentando moderação e sendo absorvidas pelas empresas.
A falta de um direcionamento mais contundente sobre a política monetária do bloco acabou dividindo os especialistas sobre as perspectivas para o Banco Central Europeu.
O chefe global de macroeconomia do ING, Carsten Brzeski, espera que o BCE seja mais cauteloso à partir de agora.
“Dado que o histórico do BCE de prever a alta da inflação é bastante fraco, o BCE vai querer ter certeza absoluta antes de se envolver em cortes mais agressivos nas taxas”, afirmou.
Daniel Lacalle, economista-chefe da Tressis, afirmou à CNBC partilha da mesma visão.
Ele espera apenas mais um corte nos juros do bloco este ano, que deve ser anunciado em seu encontro em Dezembro.
Para o economista-chefe, aqueles que estão mais otimistas “não devem esperar três cortes de taxas até o fim do ano” e que se isso acontecesse ele ficaria “muito preocupado”.
“Essa quantidade de cortes de taxas sinalizaria que as chances de uma recessão estão mais próximas de 70 ou 80%”, explicou.
Por outro lado, economistas da consultoria Pantheon Macroeconomics acreditam que mais dois cortes até o final do ano fazem sentido, “mas se o BCE não cortar em outubro, os dados podem impedir um segundo corte em dezembro”.
“Um novo declínio de curto prazo na inflação geral, a fraqueza nas pesquisas econômicas, o início da flexibilização do Fed e uma desaceleração no crescimento do emprego nos EUA mantiveram um corte na taxa de outubro em nossas previsões”, afirmaram.
“Por outro lado, nossa previsão de uma forte recuperação na inflação básica do Q4 nos levou a retirar o corte de dezembro. Se o BCE permanecer inalterado em outubro, que é atualmente a linha de base do mercado, os riscos estão inclinados para o corte desta semana ser o último do ano”.