O Departamento do Comércio dos Estados Unidos divulgou, nesta terça-feira (17), seu relatório mensal do varejo referente a Agosto.
As vendas do setor cresceram 0,1% no mês, depois de avançarem 1,1% em Julho (revisado para cima, de 1,0%), surpreendendo os especialistas, que previam queda de -0,2%.
Em comparação a um ano antes, elas cresceram 2,13%, 0,73 ponto percentual abaixo do registrado um mês antes.
Seu núcleo, quando são descontadas as vendas de automóveis, avançaram 0,1% no comparativo mensal, 0,3 ponto percentual abaixo de Julho e 0,1 ponto percentual abaixo do esperado.
Em outro relatório, também publicado pelo Departamento do Comércio do país, produção industrial norte-americana avançou 0,8% em Agosto, quando comparada com Julho.
O resultado reverte queda de -0,9% registrada um mês antes e foi 0,6 ponto percentual superior ao estimado pelos especialistas.
Em comparação a um ano antes, ela permaneceu praticamente estável, registrando alta de 0,04%, depois de cair -0,74% em Julho.
O resultado afasta ainda mais os receios com relação a uma eventual recessão que a economia norte-americana poderia estar na eminência de entrar, de acordo com os especialistas.
Nesse contexto, eles se dividem sobre as perspectivas para a intensidade do corte de juros a ser anunciado amanhã.
Para Christopher Rupkey, economista-chefe da FWDBONDS, os números estão longe de preocupar o Federal Reserve (FED), banco central do país, com relação a uma possível recessão no futuro.
“Não parece haver nenhuma razão para que os funcionários do Fed comecem com um corte maior de 50 pontos-base na taxa porque qualquer estresse que haja no mercado de trabalho não está se traduzindo em demanda econômica mais fraca”, afirmou ele.
Olivia Cross, da Capital Economics North America, partilha da mesma visão, dando ênfase ao crescimento das vendas do varejo.
“Os dados de vendas no varejo mais fortes do que o esperado para agosto sugerem que, impulsionados pelos rápidos ganhos de riqueza e pela queda nos preços de energia, os consumidores continuam gastando livremente, apesar da desaceleração do mercado de trabalho”, comentou.
Já para o time de análises do ING os números deturpam a realidade, com o consumo sendo impulsionado pelas camadas mais ricas da sociedade, enquanto as mais baixas enfrentam dificuldades.
“A questão para os gastos do consumidor é por quanto tempo essas famílias de renda mais alta podem compensar uma moderação no crescimento dos gastos de famílias de renda mais baixa”, questionam.
“Se o mercado de trabalho estiver esfriando tão rapidamente quanto alguns dados de contratação sugerem e os temores de desemprego começarem a aumentar, pode não demorar tanto”.
Sendo assim, eles acreditam que o presidente do FED, Jerome Powell, deve pressionar os demais integrantes do comitê de política monetária a cortarem os juros em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), restando saber se eles estarão dispostos a determinar tal redução.
“Uma economia crescendo a 2,5-3% com baixo desemprego, inflação acima da meta e ações em máximas históricas sugere que haverá grandes bolsões de resistência, o que torna o resultado amanhã um cara ou coroa”, concluem.
No mercado, as apostas em um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) ganharam um pouco mais de força após os números, chegando a 63% dos investidores (contra 62% ontem), enquanto 37% deles segue apostando em uma redução mínima, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Dessa maneira, neste momento, o mercado prevê uma redução de 125 pontos-base (1,25 ponto percentual) na taxa de juros dos Estados Unidos até o final do ano, com um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) no encontro de Novembro e outro de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Dezembro, de acordo com a ferramenta FEDWatch, do CME Group.