O Ministério das Finanças do Japão divulgou, ainda na noite de ontem (17), a sua balança comercial referente a Agosto, que registrou déficit de 695,3 bilhões de ienes no mês, engatando o segundo mês consecutivo de resultado negativo, depois do déficit de 621,8 bilhões registrado em Julho.
O desempenho foi melhor do que o previsto pelos especialistas, que projetavam déficit de 1,38 trilhões de ienes para o mês, mas gerou cautela, já que suas importações e suas exportações apresentaram desempenho bem abaixo do projetado.
De acordo com o relatório, as exportações cresceram 5,6% em Agosto, no comparativo anual, 4,6 pontos percentuais a menos do que o registrado em Julho e 4,4 pontos percentuais abaixo do estimado, enquanto suas importações registraram crescimento de 2,3%, 14,3 pontos percentuais abaixo do mês anterior e 11,1 pontos percentuais inferior ao esperado.
As exportações para os Estados Unidos recuaram -0,7% em comparação a um ano antes, a primeira queda registrada em quase três anos, enquanto as vendas para a China registraram crescimento de 5,2%.
Olhando sob a perspectiva de volume, o resultado também foi negativo, com o volume de remessas recuando 2,7% em Agosto, o sétimo declínio consecutivo.
Os especialistas ainda argumentam que as perspectivas para a balança comercial do país não são positivas.
Isso porque, olhando sob o ponto de vista das exportações, a desaceleração das principais economias globais, como a dos Estados Unidos e da China, esperada para o ano que vem, deve prejudicar as remessas enviadas pelo país.
Já pelo ponto de vista das importações, a perspectiva de elevações na taxa de juros japonesa deve reduzir a demanda interna, impactando no consumo e, consequentemente, no recebimento de remessas.
Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin, partilha dessa visão.
“As exportações do Japão estão fadadas a enfrentar dificuldades, já que a economia global não está conseguindo ganhar impulso, com o crescimento das economias dos EUA e da China desacelerando no ano que vem”, afirmou ele, em nota.
Minami ainda acrescentou que o quadro geral é preocupante, já que a expectativa do mercado em geral é que, mesmo com o aumento dos juros e com o cenário geopolítico desafiador, a economia japonesa seria capaz de apresentar crescimento de forma sustentável.
“Nesse sentido, o ímpeto da recuperação seria fraco”, concluiu.
Os especialistas preveem que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) deve manter a taxa de juros do país inalterada na reunião de seu comitê de política monetária, marcada para se encerrar na sexta-feira, mas deve sinalizar novos aumentos em breve.