O Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou, ainda ontem (19) à noite, que manteve suas taxas de juros de um ano e de cinco anos inalteradas em 3,35% ao ano e 3,85% ao ano, respectivamente.
A taxa de juros de um ano influencia, principalmente, empréstimos imobiliários e corporativos, enquanto as taxas de cinco anos servem como referência para as hipotecas do país.
Apesar do consenso ser de que elas seriam mantidas, existia a expectativa, por parte de alguns especialistas, que o corte na taxa de juros norte-americana influenciaria o PBoC a reduzir suas taxas também.
De forma geral, na visão dos especialistas, uma redução poderia ajudar a aliviar o endividamento dos governos regionais e ser um aditivo para que o setor imobiliário, que foi o grande motor da economia chinesa e vive uma crise nos últimos anos, pudesse buscar um patamar de estabilidade.
Para Xing Zhaopeng, estrategista sênior para a China no ANZ, esses cortes devem vir em breve.
“O corte nas taxas provavelmente será incluído em um pacote de políticas maior, que está sendo revisado por autoridades seniores”, afirmou ele.
“Os dados econômicos atuais e as expectativas apoiam um corte de taxa. E, reduzir as taxas de empréstimos hipotecários existentes também requer mais reduções no LPR de 5 anos, o que pode levar a um declínio único e significativo no LPR no quarto trimestre”.
O Commerzbank partilha da mesma visão.
“O crescimento fraco exige flexibilização da política monetária, e os cortes nas taxas do Fed dão espaço para o PBOC cortar”, afirmam os analistas da instituição.
Por outro lado, diretor de investimentos da KraneShares, acredita que apenas uma redução nos juros não seria suficiente para conseguir mudar as perspectivas para a economia chinesa.
“O problema da China não é um problema de oferta, é um problema de demanda”, afirmou ele, acrescentando que, junto com uma redução nos juros, será necessário, também, mais apoio fiscal para conseguir influenciar positivamente na confiança do consumidor e, consequentemente, estabilizar o preço dos imóveis.
Peter Boockvar, diretor de investimentos do Bleakley Financial Group, partilha da mesma visão.
“Eles podem cortar as taxas para zero e isso não necessariamente vai acelerar a recuperação do que está acontecendo no mercado imobiliário deles”, comentou, acrescentando que, enquanto os preços dos imóveis continuarem caindo, a economia chinesa continuará a enfrentar problemas.
Nas últimas semanas, após dados setoriais divulgados pelo país, grandes instituições financeiras, como o Bank of America (BofA) e o Citigroup, cortaram suas perspectivas para o crescimento da economia chinesa neste ano, projetando que ela deve crescer menos do que a meta oficial do governo, de 5%.