Três integrantes do Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, participaram de eventos nesta segunda-feira (23), dias depois da autoridade monetária anunciar um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) na taxa de juros norte-americana, para o intervalo entre 4,75%-5,00% ao ano.
O presidente regional do FED de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou ter defendido a redução de 0,50 ponto-percentual, que, na sua visão, foi a “decisão correta” a ser tomada, já que a inflação progrediu e o mercado de trabalho se mostrou mais enfraquecido.
“O equilíbrio dos riscos se afastou da inflação mais alta e se voltou para o risco de um enfraquecimento ainda maior do mercado de trabalho, justificando uma taxa mais baixa”, afirmou ele.
Ainda assim, para Kashkari a política monetária dos Estados Unidos segue restritiva mesmo depois do corte e se mostrou favorável a mais um corte de mesma magnitude ainda este ano.
Com relação às perspectivas para a taxa terminal, ele prevê que elas devem chegar a 2,9% no longo prazo, acima dos 2,5% previstos em Março. Isso porque, em sua visão, a taxa neutra da economia do país provavelmente subiu.
“Quanto mais tempo essa resiliência econômica se mantiver, mais sinal eu considero que a elevação temporária da taxa neutra pode, na verdade, ser mais estrutural”, comentou.
O presidente regional do FED de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou estar confortável com o corte anunciado na semana passada e prevê “muitos outros cortes na taxa de juros ao longo do próximo ano”.
“Sinto-me confortável com um movimento inicial como esse – o corte de 50 pontos-base na taxa de juros anunciado na última quarta-feira – como uma demarcação de que estamos voltando a pensar mais sobre os dois lados do mandato”, afirmou ele, em comentários preparados para a Conferência Anual da Associação Nacional de Tesoureiros Estaduais.
“Se quisermos um pouso suave, não podemos ficar atrás da curva”.
Para Goolsbee, a inflação está distante de seu pico e, nos últimos meses, tem se aproximado cada vez mais da meta do FED, de 2% ao ano, enquanto que, por outro lado, a taxa de desemprego de 4,2%, que é considerada por muitos como um grau de pleno emprego para a economia do país, foi classificada por ele como “meta”.
“Basicamente, gostaríamos de congelar os dois lados do mandato duplo do Fed aqui mesmo”, afirmou.
“No entanto, as taxas estão no nível mais alto das últimas décadas. Faz sentido manter os juros assim quando se quer esfriar a economia, não quando se quer que as coisas permaneçam como estão”.
Já Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta, disse que a economia dos Estados Unidos está em processo de normalização tanto olhando para a inflação quanto para o mercado de trabalho e que é preciso que a política monetária do país também se normalize.
“O progresso na inflação e o esfriamento do mercado de trabalho surgiram muito mais rapidamente do que eu imaginava no início do verão”, afirmou ele, em comentários preparados para um evento do Centro Econômico e Financeiro Europeu.
“Neste momento, imagino que a normalização da política monetária ocorrerá mais cedo do que eu pensava ser apropriado, mesmo há alguns meses”.
Os comentários acabaram dando a indicação de que o FED pode manter um ritmo acelerado de cortes em seus próximos encontros.
No mercado, as apostas dos investidores para a próxima reunião do seu comitê de política seguem divididas, com 50,3% deles projetando um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), enquanto 49,7% deles acredita que a redução será de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) novamente.
Com relação às perspectivas para o final do ano, de acordo com a ferramenta FEDWatch, do CME Group, os investidores seguem apostando que a taxa de juros norte-americana deve encerrar 2024 em 4,00%-4,25% ao ano, chegando, no final do primeiro semestre de 2025, a 3,00%-3,25% ao ano.