A Conference Board (CB) divulgou, nesta terça-feira (24), o Índice de Confiança do Consumidor norte-americano referente a Setembro.
O índice recuou 6,9 pontos, para 98,7, ante expectativa de queda de 105,6 pontos em Agosto para 103,9 agora. Essa é a maior queda já registrada desde Agosto de 2021, com todos os componentes de medição apresentando declínio no mês.
“As avaliações dos consumidores sobre as condições comerciais atuais tornaram-se negativas, enquanto as visões sobre a situação atual do mercado de trabalho suavizaram ainda mais”, afirmou Dana Peterson, economista-chefe do The Conference Board.
“Os consumidores também estavam mais pessimistas sobre as condições futuras do mercado de trabalho e menos positivos sobre as condições comerciais futuras e renda futura”.
Chamou a atenção de Peterson o fato de que a proporção de consumidores que acredita que a economia norte-americana já está em recessão apresentou um leve aumento.
Além da queda do índice de confiança, o índice de medição da situação atual recuou 10,3 pontos, para 124,3, e o índice de expectativa caiu 4,6 pontos, para 81,7, bem próximo dos 80 pontos condizentes com uma recessão econômica.
Olhando para o mercado de trabalho, a parcela dos consumidores que afirmou ter muito emprego disponível recuou 1,6 ponto percentual, passando de 32,7% em Agosto para 30,9% agora, enquanto aqueles que afirmam que está difícil arrumar um trabalho cresceu 1,5 ponto percentual, para 18,3%.
Para Ben Ayers, economista-sênior da Nationwide, a queda é resultado do enfraquecimento do mercado de trabalho do país.
“Se o Fed seguir adiante com um ciclo de flexibilização relativamente agressivo no próximo ano, isso pode reforçar o otimismo dos consumidores no estado da economia e evitar que a economia tenha um pouso forçado”, afirmou ele.
Shannon Grein, economista da Well Fargo, partilha dessa visão.
“A queda persistente nessa medida é um sinal claro de que o mercado de trabalho não está nem de longe tão apertado quanto antes”, comentou.
“Dito isso, estamos hesitantes em dar muito peso a esses dados, já que medidas de confiança mais amplas permaneceram deprimidas neste ciclo, apesar dos hábitos de gastos resilientes das famílias”.
O consultor econômico-sênior da Brean Capital, Conrad DeQuadros, acredita que o FED pode estar chegando próximo de uma situação complicada.
Isso porque a pesquisa indicou que a expectativa de inflação para os próximos 12 meses apresentou nova alta, atingindo 5,2%, sendo essa a maior preocupação entre os consumidores.
“Se as expectativas de inflação continuarem a aumentar e o mercado de trabalho continuar a enfraquecer, o Fed terá dificuldades para recalibrar adequadamente a política monetária”, afirmou DeQuadros.
No mercado, as apostas em um novo corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Novembro, no próximo encontro do comitê de política monetária do FED, ganharam força, passando de 53% ontem para 56,6% hoje, enquanto 43,4% dos investidores segue apostando em uma redução mínima, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), de acordo com a ferramenta FED Watch, do CME Group.
Apesar disso, o mercado segue prevendo que, no acumulado para o resto do ano, a redução deve ser 75 pontos-base (0,75 ponto percentual), projetando um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Dezembro, o que levaria a taxa de juros dos Estados Unidos para o intervalo entre 4,00%-4,25% ao ano.
Da mesma forma, as perspectivas para o primeiro semestre do ano que vem continuam inalteradas, com os investidores prevendo que os juros do país devem encerrar Junho no intervalo entre 3,00%-3,25% ao ano, 175 pontos-base (1,75 ponto percentual) abaixo do patamar atual, de 4,75%-5,00% ao ano.
Isso se daria através de um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Janeiro, seguido por dois cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Março e Maio e um “pulo” em Junho, com o FED mantendo os juros inalterados no encontro.