O Departamento de Estatística da União Europeia (Eurostat) divulgou, nesta terça-feira (1), a prévia da inflação do bloco referente a Setembro.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) recuou -0,1% em comparação a Agosto, depois de subir 0,1% no mês anterior.
No comparativo anual, o índice registrou alta de 1,8%, 0,4 ponto percentual abaixo do registrado no relatório anterior, em linha com o projetado pelos especialistas e abaixo da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE).
O resultado foi impactado, principalmente, pela queda nos preços da energia, que recuaram 6% no mês, depois de caírem 3% em Agosto.
Seu núcleo, quando são descontados os preços dos alimentos, energia, álcool e tabaco, desacelerou 0,2 ponto percentual no comparativo mensal, registrando alta de 0,1%, e avançou 2,7% no comparativo anual, 0,1 ponto percentual abaixo do registrado em Agosto e em linha com o estimado.
A inflação de serviços também desacelerou em comparação ao registrado no mês anterior, passando de 4,1% para 4,0% no comparativo anual.
O resultado aumentou ainda mais as apostas em um novo corte nos juros do bloco no próximo encontro do comitê de política monetária do BCE, marcado para o fim deste mês.
“Os integrantes do BCE têm um caso muito forte agora para ir à reunião do Conselho do Governador em algumas semanas e dizer: ‘Vamos nos mexer’. Quando os oficiais se reunirem, eles terão que encarar a desinflação avançada, uma recuperação econômica em ruínas e a confiança do consumidor em baixa”, afirmou Kyle Chapman, analista de FX do Ballinger Group, em nota publicada após o relatório.
“A política é muito restritiva dado o difícil ambiente macroeconômico, e uma mudança para cortes consecutivos nas taxas parece ser uma certeza agora que a desinflação está em seus estágios finais”.
Ilya Volkov, CEO e co-fundador da YouHodler, acredita que a autoridade monetária não terá outra opção senão anunciar um novo corte.
“Os cortes nas taxas do BCE parecem ser uma medida desesperada para controlar a situação, mas, em nossa opinião, não serão suficientes para resolver os problemas econômicos mais profundos que estão em jogo na União Europeia”, afirmou ele.
“Sem uma mudança estrutural sustentada, a UE caminha para outra crise quando essas medidas temporárias desaparecerem”, acrescentou, destacando que essas medidas temporárias fazem referência aos estímulos chineses anunciados nos últimos dias e que têm ajudado o mercado europeu, como um todo.
Da mesma maneira, Natasha May, analista de mercado global da JPMorgan Asset Management, acredita que a junção das recentes leituras de inflação, com destaque para as relacionadas ao setor de serviços, atreladas à atividade econômica mais fraca do bloco “justificam uma normalização mais rápida das políticas”.
Em sua última reunião, no mês passado, o BCE reduziu as taxas de juros da Zona do Euro novamente, mas manteve o discurso de que seguirá dependente dos dados a serem apresentados.
Nesse sentido, Franziska Palmas, economista da consultoria Capital Economics, acredita que a confirmação necessária para um novo corte chegou.
“Parece muito provável que, após uma recuperação temporária na taxa básica de juros nos próximos três meses, a inflação básica permanecerá abaixo da meta [de 2%] no próximo ano”, comentou.
Para os analistas do banco holandês ING, ainda que o relatório não leve a um “acordo fechado” para cortes mais agressivos dentro do comitê, ele é um “possível passo” rumo a um ritmo de flexibilização mais acelerado.
“Com o crescimento sob pressão agora, parece que a porta está aberta para o BCE se mover mais rápido”, afirmam, em nota.