O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, nesta quinta-feira (17), que reduziu as taxas de juros da Zona do Euro em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), conforme previam os especialistas.
Com isso, a taxa de referência passou de 3,65% ao ano para 3,40% ao ano, enquanto a taxa de Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez foi reduzida a 3,65% ao ano, de 3,90% ao ano, e a taxa de Facilidade Permanente de Depósito passou de 3,50% ao ano para 3,25% ao ano.
O corte, que foi apoiado por todos os integrantes do comitê de política monetária do BCE, foi respaldado por um processo de desinflação “bem encaminhado”, conforme explicou o comunicado que acompanha o anúncio.
“A perspectiva de inflação também é afetada por recentes surpresas negativas nos indicadores de atividade econômica”, acrescenta a publicação.
Apesar desta ter sido a primeira vez em 13 anos que o BCE reduz os juros do bloco europeu duas vezes consecutivas, o comunicado deixou claro que a autoridade monetária segue dependente de dados e que “manterá as taxas de juros suficientemente restritivas pelo tempo que for necessário”.
Isso porque, ainda que a inflação do bloco esteja, neste momento, abaixo da meta, com os dados de Setembro tendo sido divulgados pouco antes do anúncio, o BCE prevê que ela deve “aumentar nos próximos meses, antes de cair para a meta no decorrer do próximo ano”.
Em coletiva de imprensa após o anúncio, Christine Lagarde, presidente da autoridade monetária, reiterou que eles não estão comprometidos com nenhuma “determinada taxa de juros” e que o grande foco segue sendo o de “garantir que a inflação retorne à nossa meta de 2% em tempo hábil”.
Já com relação às perspectivas econômicas, Lagarde afirmou esperar “que a economia se fortaleça ao longo do tempo, à medida que o aumento da renda real permite que as famílias consumam mais”.
“Os efeitos gradualmente desaparecendo da política monetária restritiva devem dar suporte ao consumo e ao investimento, as exportações devem contribuir para a recuperação”, afirmou ela, durante a coletiva.
O anúncio dividiu os especialistas, com parte deles apostando em um novo corte em Dezembro enquanto o restante acredita que o BCE pode “pular” a próxima reunião, mantendo os juros inalterados.
Para Mariano Cena, economista-sênior do Barclays Investment Bank, tanto o anúncio quanto a sua comunicação indicam que o BCE acredita que a atividade econômica mais fraca também fará o seu papel no processo de desinflação.
“No próximo ano, as principais forças, as permanentes, que farão a inflação cair, são a atividade econômica mais fraca”, afirmou ele, à CNBC.
Dessa maneira, o economista-sênior projeta que, ainda que o BCE trabalhe para respaldar a economia da Zona do Euro, uma atividade mais fraca ainda faz parte dos seus planos, corroborando o comunicado, que diz que os juros permanecerão em patamar restritivo por mais tempo, mesmo com a inflação abaixo da meta.
Já a estrategista de investimentos da Quilter Investors, Lindsay James, projeta que o BCE deve dar uma atenção especial à economia à partir de agora, já que os dados de inflação estão abaixo da meta de 2%.
“A economia precisa desesperadamente de estímulos, e o BCE espera que esse terceiro corte de taxa comece a fazer a diferença”, afirmou ela, em nota.
“As notícias de hoje [dados de inflação e corte nos juros], no mínimo, trarão algum alívio aos consumidores e empresas, o que pode aumentar a confiança e, subsequentemente, ajudar na recuperação econômica”.