A Vale (VALE3) divulgou, ontem à noite, seu balanço referente ao terceiro trimestre deste ano.
A companhia registrou lucro lÃquido atribuÃvel aos acionistas de US$2,4 bilhões, queda de 15% em comparação ao mesmo perÃodo do ano passado e de 13% em comparação ao segundo trimestre de 2024.
Ainda assim, o resultado ficou acima do consenso dos analistas, que projetavam lucro de US$1,8 bilhão.
Seu Ebitda (sigla em inglês para Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado e profarma recuou 21% em um ano e 6% em um trimestre, para US$3,7 bilhões, pressionado pelos preços de finos de minério de ferro menores e custos de frete maiores.
Já sua receita registrou queda de 10% em comparação a um ano antes, para US$9,5 bilhões.
Além disso, a companhia provisionou US$4,7 bilhões para o acordo relacionada a Mariana, que, inclusive, deve ser selado hoje. O montante é aproximadamente US$1 bilhão superior ao estimado um ano antes.
O Goldman Sachs afirmou, em relatório publicado após a divulgação dos números, que o resultado da companhia indica uma melhora operacional contÃnua.
Com essas melhoras atreladas aos esforços do novo CEO da mineradora para aprimorar relações institucionais, os analistas do Goldman esperam um impulso positivo para suas ações.
Com isso, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ADRs, negociadas em Wall Street, com preço-alvo de US$15,50, com potencial de valorização de 47,8% em comparação ao preço de fechamento de ontem.
A XP considerou o resultado positivo, tendo superado suas expectativas.
“Com os números operacionais já reportados, consideramos o desempenho de custos da Vale como o destaque de hoje, com C1/t a US$20,6/t (-7% em relação ao XPe, -6% A/A e -17% T/T), positivamente impulsionado pela depreciação do BRL, menores custos de manutenção, melhor diluição de custos fixos e iniciativas de eficiência, seguindo uma tendência de melhora ao longo do trimestre – a Vale mencionou um desempenho de C1/t em setembro de 2024 de US$18,2/t, abrindo caminho para a realização de sua orientação de custos este ano (e potencialmente mais próximo da faixa inferior de US$21,5-23,0/t, em nossa visão)”, afirmam os analistas Lucas Lachi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório.
Sendo assim, eles reiteraram recomendação de “Compra” para suas ações (VALE3), com preço-alvo de R$82,00, com potencial de ganho de 37,35% quando comparado com o seu fechamento de ontem, a R$59,70.
Os analistas do BTG consideraram o resultado “decente”, destacando a melhora na divisão de minério de ferro.
Leonardo Correa e Marcelo Arazi, analistas que assinam o relatório da instituição, se mostram otimistas com o fato de que a companhia segue confiante na entrega de guidance de custo caixa de minério de ferro C1 de US$21,5 a US$23 por tonelada.
“Acreditamos que o novo CEO (Gustavo Pimenta) está começando com uma base sólida e uma visão sensÃvel em meio a mercados muito desafiadores”, afirmam.
Por outro lado, a dupla chama a atenção para a geração de fluxo de caixa livre (FCF), que teve desempenho praticamente nulo, e para o Ebitda em nÃquel, dada a recente pressão nos preços da commodity.
“A contradição aqui reside na capacidade da empresa de fornecer melhorias resultados e uma história ascendente mais forte, enquanto o FCF permanece sob pressão devido a pesadas ‘outras despesas’, sem expectativa de dividendos extraordinários nos próximos anos”, projetam.
Ainda que tenham visto avanço em seus números, nesse cenário, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para as ADRs da Vale, com preço-alvo de US$12,00, com potencial de ganho de 15,3%.
O time de análises do Safra considerou o resultado neutro, destacando “uma ligeira perda” de Ebitda e baixa geração de caixa, mas segue otimista com relação à “evolução sequencial das métricas operacionais, devido à s maiores vendas e menor ponto de equilÃbrio do minério de ferro”.
Eles chamaram a atenção também para o provisionamento de US$4,7 bilhões para o desastre de Mariana, que reflete “a avaliação mais atualizada do potencial acordo de liquidação com as autoridades brasileiras”.
“A empresa espera assinar o acordo de Mariana amanhã por um valor total de [aproximadamente] R$ 170 bilhões considerando obrigações passadas e futuras”, afirmam.
Além disso, eles também destacam a sua dÃvida lÃquida, que atingiu US$16,5 bilhões no perÃodo, praticamente no centro da meta da companhia, que é permanecer entre US$10 bilhões e US$20 bilhões.
Esse patamar permitiria, na visão dos analistas, uma distribuição de dividendos extraordinários, apesar deles acreditarem que isso também pode não acontecer, “pois a administração pode achar interessante manter um buffer para o limite superior da meta em mercados tão voláteis”.
Ainda assim, eles mantiveram recomendação Outperform, equivalente a “Compra”, para suas ações, com preço-alvo de R$73,00, com potencial de ganho de 22,28%.