O Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat, na sigla em inglês) divulgou hoje (30) a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro referente ao terceiro trimestre do ano.
A economia do bloco cresceu 0,4% em comparação ao segundo trimestre, 0,2 ponto percentual a mais que no período anterior, e 0,9% quando comparado com um ano antes, 0,3 ponto percentual superior ao crescimento registrado no segundo trimestre de 2024.
O resultado foi superior ao estimado pelos especialistas, que previam avanço trimestral de 0,2% e anual de 0,8%.
Na França, o PIB registrou alta de 0,4% em comparação ao trimestre anterior, superando as expectativas dos especialistas, e 1,3% quando comparado com um ano antes.
Na Alemanha, a economia cresceu 0,2% em comparação ao segundo trimestre do ano, surpreendendo os especialistas, que previam retração de -0,1%, mas recuou -0,2% em comparação ao mesmo período de 2023, ainda que tenha sido uma queda menor do que a prevista, com o consenso Bloomberg projetando -0,3%.
O grande destaque, porém, ficou para a economia espanhola, que avançou 0,8% no trimestre e 3,4% no ano, também superando as expectativas.
Os números foram considerados positivos pelos especialistas, mas, se tratando de política monetária, acabou dividindo-os com relação aos próximos passos do Banco Central Europeu (BCE).
Para os analistas do banco holandês ING, os números divulgados hoje tornam a discussão sobre qual a intensidade de cortes que a autoridade monetária deve adotar em sua próxima reunião mais intensa.
“O banco central demonstrou preocupações significativas em torno dos desenvolvimentos do crescimento, indicando que todos os indicadores estavam indo na mesma direção descendente”, afirmam.
“Claramente, embora eventos pontuais tenham desempenhado um papel, os dados de hoje devem acalmar o BCE sobre os desenvolvimentos do crescimento”.
A economista-sênior para a Europa na Capital Economics, Franziska Palmas, acredita que os números apresentados hoje não devem impedir o BCE de cortar os juros do bloco em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em sua próxima reunião.
Para ela, a economia da Zona do Euro deve desacelerar no quarto trimestre, enquanto a inflação deve permanecer abaixo das previsões do banco central, o que corroboraria esse cenário.
Por outro lado, Kamil Kovar, economista-sênior da Moody’s Analytics, acredita que os números divulgados hoje devem ser seguidos de um aumento na inflação geral do bloco, o que deve acabar com qualquer possibilidade de um corte de maior intensidade.
“O relatório põe fim a quaisquer dúvidas sobre se a zona do euro está atualmente em recessão — não está, e tais preocupações sempre foram exageradas”, afirma ele, destacando os “desempenhos sólidos” da França e da Espanha.