O Bradesco (BBDC3; BBDC4) divulgou, nesta quinta-feira (31), seu balanço referente ao terceiro trimestre do ano.
A instituição registrou lucro líquido recorrente de R$5,225 bilhões no período, alta de 13,1% em comparação ao terceiro trimestre de 2023 e 10,8% maior que o registrado no intervalo entre Abril e Junho deste ano.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) avançou 1,1 ponto percentual no comparativo anual e 1 ponto percentual no comparativo trimestral, para 12,4%.
Sua margem com clientes recuou 1,3% em um ano, para R$15,635 bilhões, mas avançou 2,5% em comparação ao segundo trimestre deste ano. Sua tesouraria registrou forte crescimento, passando de R$23 milhões no terceiro trimestre de 2023 par R$364 milhões agora.
A margem financeira total da instituição registrou alta de 0,9% no comparativo anual e 2,7% no comparativo trimestral, para R$15,999 bilhões, e sua carteira de crédito cresceu 7,6% no ano e 3,5% no trimestre, para R$943,891 bilhões, puxada pelas operações para pessoas jurídicas, que avançou 11,2% em comparação ao mesmo período de 2023.
A inadimplência, calculada através de atrasos acima de 90 dias, recuou 1,4 ponto percentual quando comparada com um ano antes, para 4,2%, o que, na visão de seu presidente, Marcelo Noronha, dá conforto para o banco continuar avançando.
Para a XP, o resultado foi misto e, em sua maioria, em linha com o esperado.
“O lucro líquido de R$5,2 bilhões ficou 2% abaixo de nossas estimativas, mas em linha com o consenso. O banco manteve sua trajetória de recuperação da lucratividade, alcançando um ROE de 12,4%. A carteira de crédito voltou a acelerar, crescendo 3,5% T/T e entrando na faixa inferior indicada para o crescimento anual”, afirmaram os analistas Bernardo Guttman, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que assinam a publicação.
“No entanto, o NII de clientes teve uma recuperação mais modesta, crescendo apenas 2% T/T (-1% A/A), indicando uma reprecificação ainda lenta em linhas com spreads mais altos. Os seguros e as taxas continuam a ter um bom desempenho, contribuindo para a linha superior. O destaque de mais um trimestre foi a queda significativa no custo do risco, que caiu 2% T/T (-13% vs. XPe)”.
O trio ainda destaca a melhora contínua nos indicadores de qualidade de crédito, mas comentam que, apesar da tendência de recuperação, “a curva de crescimento esperada parece um pouco mais lenta, e o ambiente macro pode atrasar essa recuperação no crescimento do crédito”.
Com isso, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo de R$16,00, com potencial de ganho de 6,45% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$15,03.
Para o time de análises do Goldman Sachs, o resultado foi neutro, tendo vindo em linha com o estimado.
Apesar disso, Tito Labarta, analista que assina a publicação, destacou que o banco “está buscando uma originação de crédito disciplinada que pode ser bem aceita pelos investidores”, tendo tido como principal motor a queda das provisões contra inadimplência.
Além disso, Labata também cita o crescimento da carteira de crédito como uma surpresa positiva, projetando que ela deve se manter nos próximos semestres.
Com isso, o analistas manteve recomendação de “Compra” para as ações do Bradesco (BBDC4), com preço-alvo de R$17,50, com potencial de ganho de 16,43%.
Para o BTG, o resultado também foi em linha com o projetado.
“Ao contrário do Santander, que registrou uma redução no crescimento trimestral da carteira no terceiro trimestre, mas expandiu a margem financeira, o Bradesco mostrou o oposto (a margem financeira do cliente caiu em relação ao segundo trimestre)”, pontuam os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel, Thiago Paura e Bruno Lima, que assinam a publicação.
“Sim, as provisões pós-NII foram melhores do que o esperado, mas a perspectiva mais desafiadora para o crescimento do resultado líquido com operações de crédito, dada a SELIC maior (um fator negativo para os resultados do Tesouro/ALM) e a redução dos spreads de crédito, pode desapontar aqueles que esperam uma recuperação mais rápida do ROE – especialmente agora que as ações retornaram para 1x VP após a alta de> 20% desde a publicação dos resultados do segundo trimestre”.
Para o futuro, o quarteto segue projetando um “período de recuperação gradual e mais longo”, o que os levou a manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo em R$15,00, praticamente em linha com o fechamento de ontem.
Da mesma maneira, o Safra considerou os resultados neutros, destacando que eles “evidenciam uma abordagem mais equilibrada para aumentar a lucratividade em vez de mudar seu apetite por risco”.
“Com uma ‘mão gentil’, o banco priorizou exposições colateralizadas e clientes de alta renda em empréstimos não garantidos”, pontuam os analistas Daniel Vaz, Silvio Dória e Maria Luisa Guedes, que assinam a publicação.
“Em nossa opinião, isso reflete um compromisso em entregar resultados mais consistentes, especialmente em meio a um ambiente macroeconômico incerto e novas pressões regulatórias em 2025. Em comparação com nossas previsões, o resultado final veio amplamente em linha, mas com uma construção mais conservadora”.
Ainda assim, o trio não espera que o resultado cause uma revisão nas perspectiva de lucros do banco.
Com isso, eles mantiveram recomendação Outperform, equivalente a “Compra”, com preço-alvo de R$18,00 para os próximos 12 meses, com potencial de ganho de 19,76%, mas destacam que ainda preferem as ações do Itaú (ITUB4) para o setor.