A gestora de recursos independente Ibiuna publicou, na semana passada, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Outubro.
Nela, a gestora projeta que Novembro deve contar com “momentos de definição para cenários econômicos no exterior e também no Brasil”.
O primeiro grande evento é a eleição presidencial norte-americana, que deve definir como os Estados Unidos irão se portar nos próximos quatro anos em diversas frentes, com destaque para taxação, regulação, imigração e tarifas.
“Sob a ótica de mercados, o movimento pós eleição provavelmente será amplificado pelo fato da eleição não ter um favorito claro segundo pesquisas eleitorais. Isso dificulta a alocação de risco em cenários distintos antes do evento, o que levou a uma redução de posições e montagem de hedges nos mercados americanos no último mês”, afirma.
“Por outro lado, uma vez conhecido o vencedor, a alocação de risco na busca de oportunidades associadas ao novo cenário tem potencial de afetar de maneira relevante a curva de juros, a moeda e as bolsas nos EUA, com impactos globais”.
A gestora pontua que, diante da volatilidade natural do período, ela reduziu a utilização de risco dentro de sua carteira no mês passado, enquanto se mantém em busca de oportunidades tanto para a vitória de um quanto de outro candidato.
Outro evento ao qual ela chama a atenção é a apresentação do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que visa “recuperar a credibilidade da âncora fiscal no Brasil”.
“A urgência de uma correção de rumos ficou mais relevante diante da constatação de que o forte crescimento da economia, a depreciação cambial acelerada (a despeito da ampliação do diferencial de juros), a desancoragem de expectativas e as pressões inflacionárias subjacentes ameaçam o cumprimento das metas de inflação de 2025 e
2026″, comenta.
“Isto levou o Banco Central a dar início em setembro a um ciclo de aperto de juros, impactando também a dinâmica da dívida pública”.
Na visão da Ibiuna, as medidas propostas serão imprescindíveis para a definição do cenário econômico do país nos próximos dois anos e, por isso, ela segue atenta a “eventuais mudanças de estratégia de ajuste fiscal”, apesar de, até lá, permanecer com posições defensivas por aqui.
Com isso, no mercado de renda fixa doméstico, ela mantém posições tomadas em juros nominais e compradas em inflação implícita, além de mante trades de valor relativo nas curvas de juros reais e de implícitas, enquanto que, lá fora, ela segue com posições tomadas nos Estados Unidos e, por conta das eleições, reduziu suas posições aplicadas em outros países desenvolvidos e emergentes.
No mercado de câmbio, ela segue vendida em real e se mantém em busca de oportunidades com trades táticos s que explorem alavancagem via opções de curto prazo.
Já em renda variável, a gestora mantém exposição tática a índices futuros norte-americanos, enquanto seu time de equities mantém exposição a ações brasileiras “mirando a captura de alfa puro via posições long-short não direcionais”. Em commodities, ela segue com posição tática comprada em ouro.
“Seguimos também com a alocação de risco aos livros de crédito, com posições no Brasil e em emergentes geridas por nosso time de crédito corporativo; e no livro sistemático, explorando estratégias geridas por nosso time quantitativo”, acrescenta.
Em Outubro, o Ibiuna Hedge FIC FIM, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 0,37%, equivalente a 40% do CDI do período, acumulando, no ano, alta de 1,46%, equivalente a 16% do CDI.