A Natura (NTCO3) divulgou, na noite de ontem (7), seu balanço referente ao terceiro trimestre do ano.
A companhia reportou prejuĂzo lĂquido consolidado de R$6,693 bilhões, revertendo lucro lĂquido de R$7,024 bilhões no mesmo perĂodo do ano passado.
O resultado foi influenciado, principalmente, pelo efeito não-caixa de R$6,995 bilhões relativo à recuperação judicial da Avon.
“A Natura&Co está desconsolidando neste trimestre os resultados da Avon Products e de suas subsidiárias, em função do Chapter 11 voluntário anunciado em agosto de 2024”, comenta Fábio Barbosa, CEO da companhia.
“Como resultado, um prejuĂzo nĂŁo-caixa e nĂŁo-recorrente foi contabilizado em Operações Descontinuadas no trimestre, que acabou anulando o lucro lĂquido positivo obtido com as Operações Continuadas no perĂodo”.
Seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 87,6% no comparativo anual, para R$659,2 milhões, enquanto seu Ebitda recorrente cresceu 52%, para R$870,0 milhões.
Já sua receita lĂquida apresentou crescimento de 17,4% em um ano, para R$5,976 bilhões.
Para o time de análises do Goldman Sachs, o resultado foi positivo, com os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme destacando a evolução da marca no Brasil e em outros paĂses da AmĂ©rica Latina.
“Os resultados da Natura &Co vieram de novo com fortes tendĂŞncias para a marca Natura, especialmente no Brasil, e com a maturação da Onda 2 impulsionando melhor produtividade dos representantes em todas as geografias”, comentaram.
Outro destaque citado pelo trio foi a geração de fluxo de caixa livre das operações continuadas, que se tornou positiva, puxada pela melhora nas vendas e margens, alĂ©m da melhoria contĂnua dos prazos a pagar e a receber, o que deixou, portanto, uma boa configuração para o quarto trimestre.
Apesar disso, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo de R$20,00, com potencial de ganho de 41,64% quando comparado com o seu fechamento de ontem, a R$14,12.
O Bradesco BBI tambĂ©m se mostrou satisfeito com o resultado, destacando os resultados lĂquidos positivos e os bons nĂşmeros operacionais subjacentes.
“Os KPIs operacionais da Natura&Co LatAm foram bastante sĂłlidos em geral: acelerando o crescimento da receita anual para a faixa alta de adolescentes (tambĂ©m apoiado por um sĂłlido CFT da Avon desta vez), expansĂŁo sĂłlida na margem bruta (+340 bps YoY) e uma sĂłlida margem EBITDA recorrente (~15% mg) – tudo isso Ă© um bom presságio para a tese esperada para NTCO3 apĂłs a resolução do distĂşrbio da Avon Intl”, afirma a publicação.
Por outro lado, eles chamam a atenção para a dinâmica de caixa no comparativo trimestral, já que “apesar de imprimir um FCF sĂłlido das operações contĂnuas, a desvinculação das operações descontinuadas exigiu R$ 1,3 bilhĂŁo em caixa, o que suspeitamos que pode ser pelo menos parcialmente reintegrado de volta ao NTCO3 mais tarde no processo”.
Ainda assim, eles mantiveram recomendação Outperform, equivalente a “Compra”, com preço-alvo de R$20,00, com potencial de ganho de 41,64%.
Da mesma maneira, os analistas do Safra elogiaram o resultado, afirmando que a companhia “continuou a mostrar as melhorias feitas na operação Latam (crescimento sĂłlido e margens brutas)”.
“No entanto, as despesas de reestruturação continuam a pesar nos resultados. AlĂ©m disso, acreditamos que, no curto prazo, todos os olhos devem estar no resultado do processo do capĂtulo 11 da Avon Intl. e o que acontecerá com esse ativo”, ponderam Vitor Pini e Tales Granello, que assinam a publicação.
Dessa maneira, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo a R$17,60, com potencial de ganho de 24,65%.