O Governo do Estado de Minas Gerais enviou, ontem (18), um projeto de lei para a Assembleia Legislativa do estado que visa privatizar tanto a Cemig (CMIG3; CMIG4) quanto a Copasa (CSMG3).
O movimento pegou todos de surpresa, já que, até pouco tempo atrás, o governo tinha o interesse de federalizar as companhias em troca de abatimento das dívidas do estado com a União.
Apesar dos analistas considerarem a possibilidade de privatização positiva, eles destacam que as chances dela ser aprovada, seguindo o caminho da Sabesp (SBSP3) no Estado de São Paulo, por exemplo, são baixas.
Em relatório, a XP lembra que a Constituição de Minas Gerais impede qualquer privatização, exigindo aprovação da Assembleia Legislativa do estado (ALMG) e um referendo antes de qualquer tentativa, sendo necessário, portanto, uma mudança na constituição, exigindo pelo menos 60% dos votos da ALMG.
Sendo assim, os analistas Vladimir Pinto e Bruno Vidal, que assinam a publicação, não acreditam que a aprovação do projeto seja provável.
“Primeiro, o relacionamento entre o governador e a ALMG não é sólido o suficiente para obter os votos necessários para todas as mudanças na constituição”, comenta a dupla.
“Em segundo lugar, no caso da Copasa, os municípios – especialmente Belo Horizonte – devem concordar com uma solução comum para as concessões, o que pode ser um processo demorado. No caso da Sabesp, a aprovação da assembleia estadual veio acompanhada de um acordo com todos os municípios atendidos, o que fez com que o tempo entre a aprovação da assembleia estadual e a privatização final fosse curto”.
Além disso, eles acrescentam que o prazo para a discussão do assunto é curto, já que no segundo semestre de 2026 teremos eleições federais e estaduais.
Sendo assim, a dupla manteve recomendação de “Compra” para as ações da Copasa (CSMG3), com preço-alvo de R$26,00, com potencial de ganho de 5,56% quando comparado com o fechamento de ontem (R$24,63), e recomendação “Neutra” para as ações da Cemig (CMIG4), com preço-alvo de R$12,80, com potencial de ganho de 10,44% quando comparado com o fechamento de ontem (R$11,59).
O Safra partilha da mesma visão, afirmando que a possibilidade de ter a PEC aprovada “não será tarefa fácil”.
“Na nossa visão, não será uma tarefa fácil ter a PEC aprovada e, consequentemente, prosseguir com a privatização, considerando o intenso debate em torno do tema”, afirmam os analistas Daniel Travitkzy, Carolina Carneiro e Mario Woberto.
Ainda assim, o trio pontua que qualquer avanço nesse sentido deve ser benéfico para as ações de ambas as companhias e que, em caso de aprovação, elas poderiam se beneficiar de maiores reduções e custos, melhor alavancagem e gestão de passivos, “como visto em outros casos de privatização”.
Sendo assim, eles mantiveram recomendação Outperform, equivalente a “Compra”, para ambas as ações, com preço-alvo de R$27,20 para as da Copasa (CSMG3), com potencial de ganho de 10,43%, e com preço-alvo de R$14,50 para as da Cemig (CMIG4), com potencial de ganho de 25,11%.
Já o time de análises da Genial Investimentos minimizou as questões legais, com o analista Vitor Sousa, que assina a publicação, destacando que “o governo enviou para assembleia um projeto com o intuito de eliminar a necessidade de um referendo popular para privatização de empresas públicas no estado”, muito parecido com o que fez o governo do Rio Grande do Sul ao privatizar a CEEE e a Corsan.
Sendo assim, o analista classificou a situação como “um case de evento”, onde o destravamento de valor para as ações da companhia tende a acontecer dependendo de um evento específico.
Dessa maneira, apesar de considerar o evento positivo, Sousa optou por manter recomendação “Manter”, equivalente a “Neutra” para ambas as ações, com preço-alvo de R$23,00 para as da Copasa (CSMG3), 6,66% abaixo do preço de fechamento de ontem, e de R$12,50 para as da Cemig (CMIG4), com potencial de ganho de 7,85%.