A gestora de recursos independente GTI publicou, ontem (3), sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Novembro.
Na publicação, a gestora destaca a acomodação das expectativas nos Estados Unidos quanto ao futuro do governo de Donald Trump, que foi eleito no começo do mês passado, “conforme foram indicados alguns dos nomes que farão parte da sua equipe de Governo”.
Em paralelo a isso, ela também cita a redução da taxa de juros norte-americana em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para o intervalo entre 4,50%-4,75% ao ano, em linha com o projetado.
Olhando para a China, a gestora comenta que o paÃs segue sendo tÃmido com seus anúncios de medidas fiscais e monetárias que visam induzir sua atividade para um crescimento de 5% ao ano.
Esse fator tem pressionado as commodities, o que levou, junto com o arrefecimento das tensões geopolÃticas, à queda do petróleo no mês passado.
“E se no conflito entre Rússia e Ucrânia parece ainda haver muita disposição por parte da Ucrânia em repelir a Nação Agressora, essa mesma disposição não se verifica no Oriente Médio”, comenta.
“O Hamas se encontra praticamente inoperante enquanto o Hezbollah, segue com capacidade para lançamento de foguetes contra Israel, mas sofrendo golpes muito duros, tanto contra sua capacidade organizacional, quanto sua estrutura fÃsica. Mesmo o Irã sofreu perdas importantes de forma que, aparentemente, reduziu o suprimento de armas tanto para a Rússia quanto para o Hezbollah”.
O gestor André Gordon, que assina a publicação, ainda comenta que esse arrefecimento das tensões é, em partes, ocasionado pela eleição de Trump, que deve trazer “menos tolerância em relação aos ‘Inimigos da América’.
Por aqui, a carta afirma que “o nosso PaÃs é um recordista em não deixar de perder oportunidades para o seu desenvolvimento”.
“Se o ideal para sair da crise fosse fazer 10, mas com 8 estaria bom e mesmo com 6 se poderia superar os problemas, o nosso Governo prometeria apenas 5, mas que após um escrutÃnio se mostraria mais perto de 3 e, no final das contas, existiria o risco de se entregar apenas 2, o que provavelmente se confirmaria após o fim do ciclo”, comenta.
Na visão da gestora, o governo “cozinhou” o mercado com a espera por um pacote fiscal que “afeta muito, mas muito pouco o Poder Executivo”.
“Fora isso, os valores de algumas das rubricas pareceram superestimar o potencial de redução de gastos. Mas tivesse anunciado apenas isso, teria sido mais um dia sem grandes novidades por aqui”, acrescenta.
Além disso, a publicação também chama a atenção para a “minirreforma tributária” anunciada com o pacote fiscal que, na visão da gestora, deve ser engavetada.
“Diante dessa dissonância cognitiva que paira sobre BrasÃlia, assistimos o Dólar fechar em patamar recorde e as taxas de juros ao longo da curva subirem em torno de 100 pontos, superando os 14% ao ano”, afirma.
“Resumiria da seguinte forma: em alguns paÃses, uma crise econômica costuma implicar numa crise financeira. Já o atual Governo, apesar de ter encontrado a casa relativamente em ordem e ter colhido bons frutos do Mercado de Trabalho e da Atividade, com a inflação relativamente comportada, está tendo sucesso em criar uma crise de confiança que, se não for corrigida a tempo, nos levará a uma crise econômica”.
Na visão deles, o governo faz um papel populista, primando por gastar “e gastar mal”.
“Poucos investimentos, muito assistencialismo. Indexação das despesas com salários (consequentemente as Previdenciárias) ao PIB do ano anterior, sem levar em conta a existência ou não de ganhos de produtividade do trabalho, fortalecimento dos sindicatos e intervenção na gestão das Empresas Estatais e até nas Grandes Empresas do paÃs (dirigismo econômico)”, explica.
Em meio a esse cenário, a gestora destaca o BC independente e sua missão, “agora mais complexa”, de ancorar as expectativas de inflação à meta, o que deve levá-lo a subir mais a taxa de juros brasileira do que o esperado alguns meses atrás.
Sendo assim, ela segue posicionada em empresas exportadoras, que tenham receita em dólar, em empresas com fluxo de caixa positivo, empresas voltadas a setores de consumo menos discricionário e no setor de utilities.
Em Novembro, os fundos GTI Dimona e GTI Haifa registraram queda de -0,57% e -0,85%, respectivamente, enquanto o GTI Nimrod avançou 0,29% no perÃodo.