A gestora de recursos independente JGP divulgou, na semana passada, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Novembro.
Na publicação, a gestora destaca, lá fora, os impactos da vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas.
O fortalecimento do dólar em escala global foi ocasionado pela perspectiva de implementação da política “America First”, que coloca os interesses do país acima de tudo e que deve resultar, na visão da JGP, “em tarifas de importação mais altas, expulsão de imigrantes ilegais, fechamento das fronteiras para novos imigrantes e iniciativas para promover a nacionalização da produção”.
“Isso, se implementado, deverá resultar em inflação mais alta e, consequentemente, maior taxa de juros de equilíbrio, o que favorece o dólar”, projeta.
Já o desempenho dos índices de ações, que registraram altas expressivas no período, foi ocasionado pela perspectiva de que Trump irá fazer uma administração mais “pró business”, desregulamentando a economia e reduzindo impostos.
A gestora afirma que resta saber, portanto, qual será a política fiscal a ser adotada pelo novo governo.
“Apesar de alguns integrantes do novo governo defenderem redução de gastos, muitos analistas acreditam que a administração irá tentar preservar o crescimento da economia”, pondera.
Já por aqui, a JGP destaca a “brutal deterioração dos preços dos ativos financeiros que não pode ser explicada apenas pelos acontecimentos externos”.
“No front doméstico, o mercado ficou aguardando o pacote de medidas fiscais para reduzir gastos, a ser anunciado pelo governo. Esse pacote foi adiado por diversas vezes e, quando finalmente revelado, decepcionou no conteúdo”, afirma.
“A redução de gastos foi menos estrutural do que se supunha, com poucas modificações nos programas de transferência de renda e inclusão de cortes via ‘pente fino’, ou seja, revisão de fraudes e excessos. Ocorre que a correção desses erros é pontual, e não se perpetua em ganhos futuros, enquanto as modificações mais estruturais têm o benefício de gerar frutos por muitos anos”.
Sobre a “mistura” das medidas fiscais com o anúncio de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil por mês, a gestora comenta que “tirou o foco da questão dos gastos e colocou uma grande incerteza no mercado, pois não é certa a aprovação das compensações tributárias no Congresso”.
“Além disso, a divulgação das medidas teve um formato político, com o Ministro da Fazenda fazendo um anúncio gravado em cadeia nacional de rádio e TV, dando muito mais ênfase na questão da distribuição da renda do que na necessidade de reduzir despesas em um cenário onde a relação dívida/PIB cresce a um ritmo forte, de mais de 3 pontos percentuais por ano”, acrescenta.
O JGP Hedge, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 1,15% em Novembro contra 0,79% do CDI, acumulando alta de 10,42% em 2024 ante 9,85% do seu índice de referência.