A China divulgou, na noite de ontem (15), uma série de dados setoriais referentes a Novembro.
As vendas no varejo do país avançaram 3,0% em comparação a um ano antes, 1,8 ponto percentual abaixo do registrado em Outubro e 1,6 ponto percentual abaixo do esperado.
Com isso, no ano, o crescimento acumulado do volume de vendas do setor é de 3,45% em comparação aos 11 primeiros meses de 2023, 0,05 ponto percentual abaixo do registrado no mês anterior.
A produção industrial do país registrou crescimento de 5,4%, 0,1 ponto percentual acima de Outubro e em linha com o estimado, acumulando alta de 5,8% em 2024, mesmo crescimento registrado no relatório anterior.
Os investimentos em ativos fixos do país registraram alta de 3,3%, 0,1 ponto percentual abaixo do relatório anterior e 0,2 ponto percentual inferior ao projetado pelos especialistas.
Já os preços dos imóveis recuaram -5,7% em comparação a Novembro do ano passado, 0,2 ponto percentual acima do registrado em Outubro.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego chinesa permaneceu inalterada em 5,0%, assim como era previsto.
Para os especialistas, os resultados trazem sinais mistos, com os dados voltados para a economia interna do país ainda indicando ser necessário novos estímulos por parte do governo.
Xu Tianchen, economista-sênior da Economist Intelligence Unit, acredita que, apesar do resultado abaixo do esperado, eles não são tão preocupantes.
“As preocupações com as vendas fracas no varejo podem ser exageradas, pois são resultado do início antecipado do festival de compras ‘Double 11’, que antecipou as vendas para outubro”, afirmou ele, em nota.
“Se suavizarmos os dados de outubro-novembro, o crescimento deve ficar em média em torno de 3,9%, o que é maior do que nos meses anteriores”.
O economista independente de Xangai, Dan Wang, destaca que os dados indicam que as políticas econômicas da China “têm sido surpreendentemente consistentes na promoção dos fabricantes em detrimento dos consumidores, apesar dos sinais claros de fraqueza duradoura”.
“Portanto, pode-se esperar que a capacidade de produção se fortaleça, potencialmente agitando o problema do excesso de capacidade e motivando as empresas chinesas a buscar mercados no exterior”, acrescenta.
O receio, porém, está no fato de que, com o início de mais uma temporada de Donald Trump na Casa Branca, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, vivida durante o primeiro mandato do republicano, deve gerar dificuldades para o setor, colocando ainda mais dúvidas sobre as perspectivas econômicas para o país.
Por outro lado, os analistas do banco holandês ING acreditam que a série de dados tem mais sinais positivos do que negativos.
Isso porque, apesar da desaceleração do varejo e da cautela em investimentos em ativos fixos, os preços dos imóveis apresentaram sua menor taxa de declínio mensal enquanto a indústria conseguiu registrar um leve crescimento em comparação ao mês anterior.
Além disso, eles pontuam que novos estímulos serão anunciados em breve, conforme prometeu o governo chinês na semana passada, e eles devem desempenhar “o maior papel em determinar se a economia da China será ou não capaz de manter um crescimento estável”.