O Tesouro Nacional anunciou, no fim da tarde de ontem (17), que cancelou seu tradicional leilão de títulos públicos previsto para hoje.
Outros três leilões de compra e venda de títulos serão realizados hoje, amanhã e na sexta-feira (20), com as condições das ofertas sendo divulgadas nos respectivos dias de suas realizações.
De acordo com o comunicado, o objetivo da mudança “é oferecer suporte ao mercado de títulos públicos, assegurando seu bom funcionamento e o de mercados correlatos”.
É a primeira vez desde Maio de 2020 que o órgão cancela um leilão tradicional de títulos públicos do país.
Os especialistas consideraram o anúncio de certa forma positivo.
O estrategista-chefe da SPCAP Investimentos, Fabio Susteras, pondera que, apesar de poder ser momentaneamente eficiente, aliviando as taxas, a recompra de títulos pode gerar efeito contrário no médio e longo prazo, já que o Tesouro Nacional terá de queimar caixa que serviria para o pagamento da remuneração dos títulos para recomprá-los.
Para José Raymundo de Faria Júnior, sócio e analista da Wagner Investimentos, a medida é necessária e pode dar alguma trégua para a disparada dos contratos de juros futuros e da deterioração do real.
Ainda assim, ele destaca que, para que o mercado volte à normalidade, é necessário que mais medidas fiscais sejam anunciadas por parte do governo.
O broker da Necton, Fernando Ferez, partilha da mesma visão, explicando que o Tesouro está tentando colocar parâmetros para a compra e venda de títulos públicos, já que o mercado perdeu sua liquidez e se encontra disfuncional, com spreads largos.
Mas, da mesma maneira como Faria Júnior, ele acredita que a situação só tende a mudar e voltar à normalidade com uma melhora do cenário político brasileiro e das perspectivas fiscais.
