A Standard&Poor’s (S&P), uma das principais agências de classificação de riscos do mundo, reafirmou os ratings ‘BB’, em escala global, e ‘brAAA’, em escala nacional, da BRF (BRFS3), elevando, para a nota em escala global, a perspectiva de ‘Estável’ para ‘Positiva’.
De acordo com o anúncio, a elevação foi ocasionada pela melhora contÃnua em suas margens, com a companhia sustentando “um EBITDA recorde em 2024”, e as perspectivas de que sua alavancagem deve permanecer abaixo de 2,0x até o ano que vem.
“A BRF se beneficiou de preços adequados e sustentados de produtos em seus principais mercados, juntamente com preços de grãos muito mais baixos, com milho e soja acumulando quedas de cerca de 22% e 16%, respectivamente, em 2024”, afirma a agência.
“Juntamente com iniciativas estratégicas, essas tendências de preços melhoraram as margens ajustadas da BRF para 18,6% no terceiro trimestre de 2024 (ante 8,9% no terceiro trimestre de 2023) e 15,5% nos últimos 12 meses findos em 30 de setembro de 2024 (versus 6,9% no mesmo perÃodo do ano passado)”.
Para 2025, a S&P projeta que “algum aumento nos preços do milho” devem acontecer, o que pode pressionar os custos da BRF, ainda que “a competitividade das aves em relação a outras proteÃnas e as iniciativas de custos da BRF sustentem margens em torno de 14% em 2025, com EBITDA nominal próximo a R$ 9,4 bilhões — menor que em 2024, mas significativamente maior que nos anos anteriores — enquanto a alavancagem deve permanecer estável em cerca de 1,5x”.
Sendo assim, eles concluem que a elevação da perspectiva reflete a visão “de que as recentes medidas de eficiência e redução da dÃvida da BRF, juntamente com uma abordagem prudente em relação a investimentos e dividendos, permitirão que a empresa mantenha margens de EBITDA consistentemente acima de 12% e Ãndice de dÃvida sobre EBITDA abaixo de 2,0x nos próximos 12-18 meses”.
“Essas métricas indicam um colchão adequado para a rentabilidade e a alavancagem, limitando possÃveis perdas caso as condições da indústria mudem”, acrescentam.
Para ter sua nota elevada, a companhia precisa manter margens mais estáveis e em linha com o cenário-base da S&P.
“Nesse cenário, esperarÃamos que a BRF administrasse dividendos e capex para manter a dÃvida sobre EBITDA abaixo de 2,0x, medida por uma média móvel de três anos ao longo do curso normal do ciclo da indústria”, explica, acrescentando, também, a necessidade de se manter “um colchão de liquidez suficiente para passar no teste de estresse” e ser avaliada acima do rating soberano do Brasil.
Já para ser rebaixada, a empresa teria que adotar “uma abordagem mais agressiva em relação aos investimentos e à remuneração dos acionistas nos próximos trimestres, o que resultaria em alavancagem de volta para acima de 2,0x e reduziria seu colchão de liquidez, especialmente se os preços de venda e os custos de insumos se tornassem menos favoráveis”.
“Uma ação de rating negativa também poderia resultar do enfraquecimento das condições da indústria, com o aumento da capacidade de processamento dos players resultando em excesso de oferta ou custos de insumos muito mais altos, criando margens distorcidas e voláteis, apesar das iniciativas de eficiência da empresa”, acrescenta.
“Tais condições, em conjunto com capex e dividendos altos, resultariam em alavancagem próxima ou acima de 3x, enquanto a geração interna de caixa (FFO – funds from operations) sobre dÃvida permaneceria abaixo de 30% e o FOCF ficaria mais pressionado ou até mesmo negativo”.