A Standard&Poor’s (S&P), uma das principais agências de classificação de riscos do mundo, atribuiu, na semana passada, nota de crédito ‘brAA+’ em escala nacional à Azzas 2154 (AZZA3), com perspectiva ‘Estável’.
De acordo com a nota divulgada pela agência, a atribuição foi respaldada pela posição que a companhia apresenta no setor de varejo de moda brasileiro.
“A Azzas se destaca como um dos principais nomes no setor de moda no Brasil, operando cerca de 32 marcas, algumas delas amplamente reconhecidas no país”, comenta.
“A companhia apresenta uma maior exposição ao público das classes sociais A e B no Brasil, e mais recentemente à classe C, com a constituição da unidade de negócio de vestuário democrático. Além de vestuário, a empresa passou a oferecer calçados e acessórios, que representaram um crescimento da receita bruta de 3,2% no terceiro trimestre de 2024”.
Para a S&P, esse cenário pode contribuir para uma maior resiliência de suas operações mesmo em um cenário desafiador para o varejo brasileiro.
Ainda assim, ela destaca que um dos principais desafios da companhia é conseguir integrar as diferenças culturais da Arezzo e do Grupo Soma, apesar de acreditar que isso deve ser possível “sem grandes problemas”.
Olhando para os números da nova companhia, a S&P comenta que, apesar do seu endividamento ter aumentado para sustentar suas operações após a fusão, a perspectiva é que “devido ao ganho de escala, as métricas apresentem uma maior geração de caixa e dívida líquida ajustada sobre EBITDA em torno de 2,0x em 2024, se considerarmos os números pro forma do grupo para o ano”.
Já com relação à perspectiva ‘Estável’, a agência argumenta que ele incorpora a expectativa de que “a Azzas continuará expandindo as suas operações, integrando sua cultura de maneira eficiente e preservando o valor de cada uma das marcas, bem como aumentando a geração de caixa nos próximos anos”.
“Ao mesmo tempo, acreditamos a companhia deverá continuar melhorando gradualmente a sua rentabilidade, com base em um melhor mix de produtos e na diluição de custos e despesas”, acrescenta.
“Além disso, esperamos que a alavancagem permaneça controlada, resultando em um índice de dívida líquida ajustada sobre EBITDA consistentemente abaixo de 2,0x e um índice de FOCF sobre dívida líquida acima de 10% nos próximos dois anos. A perspectiva também indica a nossa expectativa de que a empresa continue refinanciando as suas dívidas de curto prazo ao mesmo tempo em que estende o seu perfil de vencimento de dívida, proporcionando um maior colchão de liquidez”.
Para ter sua nota de crédito elevada, a agência explica que a companhia precisaria apresentar “fontes sobre usos de liquidez consistentemente acima de 1,2x, tanto por meio da sua contínua gestão de passivos ou por manter um histórico mais robusto de maior posição de caixa”.
“Além disso, também poderíamos elevar o rating se a Azzas apresentasse uma integração financeira, operacional e cultural bem-sucedida, o que mudaria nossa avaliação das características de crédito da empresa em nossa análise de ratings comparáveis”, afirma.
“Nesse cenário, veríamos dívida bruta sobre EBITDA confortavelmente abaixo de 2,0x e FOCF sobre dívida bruta de 15%”.
Já para ter sua nota rebaixada, ela precisaria adotar “uma estratégia mais agressiva de integração cultural e entre marcas, financiada por dívidas com custos mais altos e sem os impactos positivos esperados na geração de caixa”.
“Neste cenário, veríamos um enfraquecimento das métricas, com dívida líquida sobre EBITDA acima de 2,0x e FOCF sobre dívida líquida de 10%de forma consistente. Por fim, um rebaixamento do rating também poderia refletir a deterioração da liquidez, devido a problemas no refinanciamento dos seus vencimentos a curto prazo”, conclui.