A gestora de recursos independente Ibiuna publicou, na semana passada, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Dezembro.
Nela, a gestora traça suas perspectivas para o começo de 2025.
Lá fora, a publicação chama a atenção para o início de mandato do presidente eleito Donald Trump, que toma posse dia 20 de Janeiro.
“O ano mudou mas o foco dos mercados financeiros globais neste início de 2025 segue o mesmo: quais os impactos da volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos? Sua agenda para fazer os EUA “grande de novo” (“MAGA”) envolve mudanças relevantes em temas como ajuste fiscal, tarifas, desregulamentação, energia, imigração e geopolítica, entre outros”, afirma.
“Desde novembro, os preços de ativos vêm se comportando como se essa agenda levasse a mais crescimento e inflação nos EUA a médio prazo em detrimento de seus parceiros comerciais”.
Na sua visão, essa movimentação deverá ser exacerbada ou corrigida de acordo com a eficácia e a agressividade com que Trump cumprir suas promessas.
“Isso [agressividade do novo governo e efetividade das medidas] terá impacto não só sobre a moeda, mas também sobre expectativas de inflação e crescimento e pode exacerbar ou corrigir os movimentos globais recentes em preços de ativos”, explica.
Por aqui, a gestora cita o agravamento da crise de confiança que vive o governo com relação à sua capacidade de equacionar “uma trajetória explosiva de endividamento público”.
“Essa crise de confiança aumenta as incertezas levando agentes a demandar prêmios de risco crescentes como forma de defender seu patrimônio, explicando os movimentos em preços de ativos observados no fim do ano”, afirma.
“O gatilho para a intensificação dessa desconfiança foi a apresentação do pacote de ‘ajuste fiscal’ em novembro que se mostrou tímido para ter impacto relevante sobre a trajetória esperada de endividamento público”.
A gestora acrescenta a isso “uma nova fonte de incertezas ao incluir a proposta de isenção de impostos para ganhos até R$ 5 mil pois criou-se a certeza política do gasto sem a clareza acerca de suas fontes de financiamento” e a “desautorização do Ministro da Fazenda por outros membros do Governo com anuência do Presidente da República”, que apontou um enfraquecimento da credibilidade do principal responsável pela condução da política fiscal no Brasil.
A resposta a esse problema, com queima de reserva, elevação dos juros e negação da situação por parte do governo “não parece uma estratégia à altura do desafio posto”, o que, na visão da Ibiuna, “coloca perigosamente na antessala de um processo de desancoragem nominal da economia”.
“Sem uma resposta efetiva, é provável que o movimento de alta na curva de juros, depreciação do Real, bolsa e expectativas de inflação ainda não tenha se exaurido”, pontua.
Nesse cenário, a gestora mantém, no mercado de renda fixa doméstico, posições tomadas em juros nominais e compradas na inflação implícita, além de manterem trades de valor relativo nas curvas de juros reais e de implícitas, enquanto que, lá fora, ela reduziu sua posição tomada nos Estados Unidos e ampliou posições aplicadas em países desenvolvidos e emergentes selecionados.
No mercado de câmbio, ela segue comprada em dólar contra uma cesta de moedas, que inclui o real, além de seguir buscando oportunidades através de trades táticos que explorem alavancagem via opções de curto prazo.
Em renda variável, a gestora mantém uma exposição tática a índices futuros de ações norte-americanos, enquanto seu time de equities mantém exposição a ações brasileiras mirando a captura de alfa puro via posições long-short não direcionais.
Já no mercado de crédito, ela mantém uma alocação defensiva, com posições no Brasil e em emergentes geridas por seu time de crédito corporativo, enquanto que, no livro sistemático, ela segue explorando estratégias geridas por seu time quantitativo.
Em Dezembro, o Ibiuna Hedge FIC FIM, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 1,57%, equivalente a 169% do CDI, encerrando 2024 com rentabilidade acumulada de 5,32%, equivalente a 49% do CDI.