O Instituto Nacional de Estatísticas do Reino Unido (ONS, na sigla em inglês) divulgou, nesta sexta-feira (17), seus dados de varejo referentes a Dezembro.
O volume de vendas do setor caiu 0,3% no comparativo mensal, depois de subir 0,1% em Novembro. O resultado surpreendeu os especialistas, que previam alta de 0,4%.
No comparativo anual, o crescimento foi de 3,6%, depois de ficar estável no mês anterior, mas ficando 0,6 ponto percentual abaixo do estimado.
O núcleo de vendas registrou queda de -0,6% no mês e avanço de 2,9% no ano, também frustrando as expectativas dos especialistas, que previam alta mensal de 0,1% e anual de 3,6%.
Apesar dos dados terem frustrado as expectativas gerais, é a primeira vez em três anos que o setor tem crescimento no volume de vendas.
O resultado jogou um balde de água fria nos especialistas.
Nicholas Found, chefe de conteúdo comercial da Retail Economics, afirmou que a temporada festiva, que conta com Natal e Black Friday, foi marcada por “gastos cautelosos”, o que acabou desacelerando o ímpeto do varejo britânico.
“As cicatrizes da crise do custo de vida fizeram com que a frágil confiança do consumidor persistisse em dezembro, à medida que os compradores se adaptavam a preços mais altos, priorizando o valor durante o período de Natal”, acrescentou.
Matt Swannell, conselheiro econômico chefe do EY ITEM Club, partilha da mesma visão.
“De fato, em dezembro de 2023, a atividade varejista caiu quase 4%, também com um colapso nas vendas de alimentos, apenas para a maior parte dessa perda ser recuperada em janeiro de 2024”, comentou.
“No entanto, ao considerar os últimos três meses [de 2024], o quadro continua fraco, com as vendas no varejo caindo 0,8% no quarto trimestre”.
Para Neil Birrell , diretor de investimentos da Premier Miton Investors, os números devem ser mais um fator a levar o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) a cortar os juros.
“Os consumidores no Reino Unido obviamente tiveram um Natal tranquilo. As vendas no varejo de dezembro refletem o tom geral no país, chegando muito pior do que o esperado”, afirmou ele.
“Embora isso possa ser uma boa notícia na frente da inflação, não faz nada pelas perspectivas de crescimento da economia. Os números sem dúvida encorajarão o Banco da Inglaterra a cortar as taxas de juros quando se reunirem, mas devem preocupar o governo ao mesmo tempo. A economia precisa de estímulo”.