O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, na noite de ontem (29) que elevou a taxa Selic em 100 pontos-base (1,00 ponto percentual), para 13,25% ao ano, em decisão unânime.
Essa é a primeira reunião de política monetária do BC com Gabriel Galipolo, indicado pelo presidente Lula, no cargo de presidente da autoridade monetária.
O movimento era amplamente esperado pelo mercado, principalmente porque, na reunião de Dezembro, o Copom direcionou essa e mais uma alta de mesma magnitude em seus próximos dois encontros.
No comunicado, o BC reiterou que deve subir a Selic novamente em 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) em seu próximo encontro e deixou em aberto novas elevações no futuro.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, afirma o texto.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Com relação às suas projeções, o Copom elevou as perspectivas para a inflação deste ano de 4,5% para 5,2% e, para o terceiro trimestre ano que vem, horizonte relevante da política monetária, manteve em 4,6%.
Sobre a situação fiscal do país, o comunicado afirmou que o comitê “segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, acrescentou.
O comunicado dividiu os especialistas.
Para Roberto Padovani, do BV, o BC manteve postura austera mesmo sob novo comando, deixando em aberto a possibilidade de novas altas além de Março.
Da mesma maneira, Paulo Duarte, da Valor Investimentos, afirmou que tom foi duro tanto com relação à inflação quanto com situação fiscal e que Copom deve ir além dos 14,25% ao ano já projetados.
Drausio Giacomelli, do Deutsche Bank, partilha da mesma visão e ainda alerta para o caminho de dominância fiscal que o país tem tomado.
Por outro lado, Laiz Carvalho, do BNP Paribas, achou o comunicado mais brando (dovish, no jargão do mercado) que o esperado.
Para ela, o comitê podia ter sinalizado de forma mais contundente que ciclo de aperto deve continuar para além de Março.
Da mesma maneira, os analistas do Itaú afirmaram que comunicado reagiu de forma contida “à severa deterioração” das expectativas recentemente, destacando as projeções do IPCA.
Por outro lado, eles pontuaram que o texto sugere que o Copom está preocupado com a atividade doméstica.
Para o banco, a Selic deve chegar a 15,75% ao ano, mas que esse ciclo pode ser encerrado antes.
Roberto Secemski, do Barclays, partilha da mesma visão.
Para ele, a comunicação é aberta o suficiente para que o Copom faça uma alta final em Março, caso considere suficiente.
Apesar disso, ele não espera que esse seja o fim, projetando uma elevação extra de 100 pontos-base (1,00 ponto percentual), com a Selic atingindo 15,25% ao ano.
O próximo encontro do Copom ocorre nos dias 18 e 19 de Março.