O Departamento do Comércio dos Estados Unidos publicou, nesta sexta-feira (31), o Índice de Preços PCE referente a Dezembro.
A medida de inflação preferida do Federal Reserve (FED), banco central do país, registrou alta de 0,3% no mês e de 2,6% no ano, depois de subir 0,1% e 2,4% em Novembro, respectivamente.
O resultado, que ficou em linha com o projetado pelos especialistas, foi puxado pela alta da energia, que avançou 2,7%, enquanto que os preços dos bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, recuaram 0,2%.
O núcleo do PCE, quando são descontados os preços dos alimentos e de energia, teve alta mensal de 0,2% e anual de 2,8%, em linha com o estimado.
Com relação aos norte-americanos, a renda pessoal aumentou 0,4% no mês, 0,1 ponto percentual acima do crescimento registrado em Novembro, porém em linha com o esperado, enquanto o consumo registrou alta de 0,7%, 0,1 ponto percentual acima do mês anterior e 0,2 ponto percentual superior ao projetado.
Dessa maneira, o consumo pessoal real avançou 0,4% no mês, desacelerando em comparação a Novembro, quando registrou alta de 0,5%.
De forma geral, o resultado foi recebido com certo tom de cautela pelos especialistas, já que segue indicando que a inflação está bem acima da meta de 2% do FED.
Clark Bellin, diretor de investimentos da Bellwether Wealth, partilha dessa visão.
“Embora a impressão do PCE de sexta-feira tenha sido alinhada com as expectativas, os dados mostram que a inflação permaneceu elevada em dezembro até o fim de 2024, tornando um tanto irônico que o Federal Reserve tenha cortado as taxas de juros durante o mesmo mês”, escreveu ele, em nota enviada a clientes.
A diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman, afirmou, em evento realizado hoje, que a inflação segue elevada e que mais trabalho é necessário.
“Ainda há mais trabalho a ser feito para trazer a inflação para mais perto da nossa meta de 2%”, comentou ela.
“Gostaria de ver o progresso na redução da inflação ser retomada antes de fazermos mais ajustes na faixa da meta”.
Ela ainda pontuou esperar que a inflação avance rumo à meta da autoridade monetária até o final do ano e que, para isso, será necessário que os ajustes na taxa de juros sejam graduais à partir de agora.
“Continuo preocupada com o fato de que as condições financeiras mais frouxas no ano passado podem ter contribuído para a falta de mais progresso na desaceleração da inflação”, acrescentou ela.
“À luz da força contínua da economia e com os preços das ações substancialmente mais altos do que há um ano, parece improvável que o nível geral dos juros e os custos dos empréstimos estejam exercendo uma restrição significativa”.
No mercado, pouca coisa mudou após a publicação do relatório e dos comentários feitos pela diretora do FED.
De acordo com dados compilados pela ferramenta FEDWatch, do CME Group, os investidores seguem prevendo que os juros norte-americanos devem ser cortados duas vezes esse ano, atingindo o intervalo de 3,75%-4,00%.