O Banco Central publicou, nesta terça-feira (4), a ata da última reunião do seu Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada.
Na ocasião, além de elevar a taxa Selic em 100 pontos-base (1,00 ponto percentual), para 13,25% ao ano, o Copom manteve o direcionamento (guidance, no jargão do mercado) de que deve subi-la novamente com a mesma intensidade no seu próximo encontro, marcado para Março.
“O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista”, explicou o documento publicado hoje.
“Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
A ata ainda acrescentou que os integrantes do comitê acompanharam os recentes movimentos do câmbio, “que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros”.
Sobre os Estados Unidos, o documento ainda destaca que a implementação de algumas políticas por lá podem ajudar a pressionar os preços dos ativos domésticos.
Dessa maneira, o Copom projeta que a inflação brasileira medida pelo IPCA neste ano deve avançar 5,2%, ficando novamente acima da meta de 3,00%, com banda de variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e desacelerar para 4,0% no terceiro trimestre do ano que vem, considerado o “horizonte relevante” para o comitê.
De forma geral, o documento alterou pouco as perspectivas dos especialistas.
Rodolfo Margato, economista da XP, comentou que o seu tom é mais neutro do que o da última reunião, assim como o comunicado que foi divulgado na semana passada, com o comitê dando ênfase a cenário externo.
Para ele e o time de research da instituição, Selic deve chegar a 15,5% ao ano até reunião de Junho, avançando mais 125 pontos-base (1,25 ponto percentual) além do guidance.
O Itaú partilha da mesma visão, projetando que, além da elevação “já contratada” da próxima reunião, o Copom deve anunciar mais duas altas de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual), levando a taxa básica de juros brasileira a 15,75% ao ano.
Felipe Sichel, da Porto Asset, partilha da mesma visão.
Ele acredita que o documento reforça a perspectiva de que o BC irá continuar com o ciclo de alta para além do próximo encontro, dado o tom mais duro e o desconforto demonstrado pelos integrantes do comitê com a desancoragem das expectativas de inflação.
Da mesma maneira, o Bradesco comentou que o tom da ata foi mais duro que o do comunicado, reforçando sua perspectiva de que a taxa Selic deve atingir 15,25% ao ano no final do ciclo.
Sobre a desaceleração da economia, que tem sido sentida nos últimos dados divulgados, seus analistas afirmaram que ela já é esperada e não deve mudar rumo da taxa básica de juros brasileira.
Partilhando da mesma visão, o Bank of America (BofA) afirmou que dados recentes foram reconhecidos como pontuais pelo Copom, que não os considerou uma tendência.
Já sobre o documento, os analistas da instituição destacam que “incorporou fatores a serem considerados na dinâmica inflacionária, como a adicional desancoragem das expectativas de inflação e o cenário fiscal”.
O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ocorrerá nos dias 18 e 19 de Março.