O Instituto Nacional de Estatística (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido divulgou , nesta quarta-feira (19), seus dados de inflação referentes a Janeiro.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou queda de -0,1% no comparativo mensal, revertendo alta de 0,3% em Dezembro.
Em comparação a um ano antes, ele avançou 3,0%, 0,5 ponto percentual acima do registrado no relatório anterior. Este é o maior patamar dos últimos 10 meses.
O resultado foi superior ao projetado pelos especialistas, que previam queda mensal de -0,3% e alta anual de 2,8%.
Já seu núcleo, quando são descontados os preços de alimentos, energia e tabaco, registrou queda de -0,4% em comparação a Dezembro, acima dos -0,5% previstos, e alta de 3,7% em comparação a Janeiro de 2024, em linha com o projetado.
A inflação de serviços do Reino Unido também acelerou, avançando 5,0% em Janeiro, no comparativo anual, ante alta de 4,4% em Dezembro.
Em paralelo, o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) também registrou desempenho acima do esperado no mês, bem como os preços dos imóveis britânicos.
O relatório dividiu os especialistas.
Para Ruth Gregory, vice-economista-chefe do Reino Unido na Capital Economics, apesar do resultado e do retrospecto, isso não deve mudar os planos do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) para a política monetária britânica.
“Não é segredo que os preços mais altos de energia empurrarão a inflação do IPC para mais acima de 3% nos próximos 7 meses. Duvidamos que isso impeça o Banco de cortar as taxas ainda mais”, afirmou ela, em nota.
“De fato, ainda achamos que a inflação do IPC cairá abaixo de 2% em 2026, à medida que o desaparecimento de alguns efeitos temporários e a economia fraca alimentam a inflação de serviços mais baixa”.
Apesar do otimismo, ela admitiu que “o risco é que o aumento da inflação se mostre mais persistente e as taxas sejam cortadas mais lentamente do que esperamos, ou não tanto [quanto prevemos]”.
Por outro lado, para o diretor da Phoenix Group, Dean Butler, o resultado é um golpe no BoE.
“Com a inflação subindo para 3% em janeiro, as expectativas anteriores de uma jornada tranquila em direção a uma inflação mais baixa e um ambiente de taxas de juros mais baixas em 2025 sofreram outro golpe”, comentou.
Luke Bartholomew, vice-economista-chefe da abrdn, partilha da mesma visão.
“Outro corte de taxa em março parece bem improvável, com o banco continuando com seu ritmo gradual de flexibilização por enquanto”, afirmou ele.
“E qualquer aceleração do ritmo de cortes de taxa [de juros do Reino Unido] no segundo semestre do ano dependerá das pressões inflacionárias voltando para 2%”.