Cenário Internacional
O panorama global em 2025 apresenta um cenário geopolÃtico complexo e de incertezas crescentes. As economias desenvolvidas continuam enfrentando desafios significativos, especialmente com a transição de polÃticas monetárias restritivas e as eleições nos Estados Unidos.
Nos EUA, a expectativa do retorno de Donald Trump à Casa Branca, com uma retórica protecionista de “América em Primeiro Lugar”, gera preocupações sobre uma nova onda de polÃticas isolacionistas. Isso pode reforçar a economia americana no curto prazo, favorecendo a valorização do dólar e pressionando moedas emergentes. Em contrapartida, o protecionismo também poderia aumentar os riscos de desaceleração do comércio global, impactando cadeias produtivas internacionais.
Outro ponto relevante é a polÃtica monetária conduzida pelo Federal Reserve (Fed). Após um ciclo de elevação agressiva da taxa de juros para conter a inflação histórica, os EUA se aproximam de um perÃodo de redução gradual nos juros em 2025. Isso pode refletir um ritmo mais lento de desaquecimento econômico, mas também cria um ambiente propÃcio para uma maior volatilidade nos mercados globais, especialmente em moedas emergentes e commodities.
Na Europa, a região ainda lida com as consequências da guerra entre Ucrânia e Rússia. O conflito prolongado pressiona os mercados energéticos, com reflexos diretos no custo de produção e na inflação.
A economia europeia deve continuar enfrentando um crescimento modesto, limitado pela austeridade fiscal e pela dependência de fontes externas de energia. Além disso, a reorganização dos suprimentos energéticos é uma prioridade, com destaque para investimentos em fontes renováveis e na transição energética. A União Europeia também enfrenta tensões sociais crescentes devido à s dificuldades econômicas e à s crises migratórias, que influenciam as agendas polÃticas e eleições internas. No Oriente Médio, a instabilidade polÃtica persiste como um fator crÃtico para os mercados. Tensões regionais, especialmente envolvendo Irã e Arábia Saudita, adicionam incertezas ao mercado global de petróleo.
Embora os preços do barril tenham apresentado estabilidade nos últimos meses, uma intensificação de conflitos pode impulsionar novos aumentos, afetando economias dependentes de importação de energia. A busca por novas rotas de suprimento, como a cooperação entre a OPEP+ e paÃses importadores, ganha relevância.
A China deve permanecer como foco das atenções globais. Apesar das tentativas do governo de estabilizar o crescimento por meio de estÃmulos fiscais e monetários, os desafios estruturais do mercado imobiliário chinês e as disputas comerciais com os EUA podem limitar a expansão econômica do paÃs.
O aumento da dÃvida das administrações locais e a dependência de polÃticas de crédito também representam riscos adicionais. Ademais, a retomada de uma polÃtica de “covid zero” ou restrições locais pode impactar as cadeias globais de suprimentos. Investidores também olham para a necessidade de polÃticas ambientais mais rÃgidas na China, que poderiam influenciar os mercados de commodities. Em meio a este cenário de volatilidade, analistas globais destacam a importância de investimentos sustentáveis e de tendências de descarbonização, que deverão atrair capital no longo prazo.
Cenário doméstico
O Brasil entra em 2025 enfrentando desafios fiscais, polÃticos e econômicos que exigem medidas cautelosas para garantir a estabilidade macroeconômica. A preocupação com as contas públicas, a polÃtica monetária restritiva e o crescimento modesto do PIB moldam o cenário nacional para o próximo ano. A polÃtica fiscal segue como um dos principais temas em pauta. O governo busca implementar a reforma tributária e ampliar os programas sociais, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. No entanto, a resistência no Congresso, especialmente no Senado, pode dificultar a aprovação das propostas. Além disso, os gastos crescentes do governo e a necessidade de ajuste fiscal colocam em risco o equilÃbrio das contas públicas.
A discussão sobre a criação de novas fontes de receita, como tributação de setores digitais e reoneração da folha de pagamentos, será central em 2025. A polÃtica monetária deve manter-se restritiva no primeiro semestre de 2025. Com a taxa Selic atualmente em 12,25%, o Banco Central continuará focado no controle da inflação, que tem projeções de 3,9% para 2025, conforme o Relatório Focus.
A alta dos juros tem efeitos positivos no controle inflacionário e na atração de capital estrangeiro, mas também impõe limitações ao crescimento econômico e aumenta o endividamento do setor público e privado. A redução gradual dos juros no segundo semestre dependerá da convergência das expectativas inflacionárias e do equilÃbrio fiscal.
No mercado de trabalho, a expectativa é de estabilização no nÃvel de emprego, embora o crescimento salarial deva permanecer limitado devido ao baixo ritmo de expansão econômica. A previsão para o PIB em 2025 é de crescimento de 2,2% a 2,5%, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário e pelos investimentos em infraestrutura.
O agronegócio brasileiro deve manter sua competitividade, mas enfrenta riscos relacionados à dependência climática e à s polÃticas ambientais dos principais mercados importadores. Investimentos em tecnologias sustentáveis serão fundamentais para manter a competitividade. O setor externo deve apresentar desafios adicionais, com a valorização do dólar frente ao real. A polÃtica protecionista nos EUA e a desaceleração global podem reduzir a demanda por exportações brasileiras, especialmente em commodities como soja e minério de ferro.
Além disso, a volatilidade cambial pode pressionar os custos de importação, afetando o equilÃbrio da balança comercial. O comércio com a China também será monitorado, dado o peso significativo do paÃs asiático nas exportações brasileiras. Em termos de polÃticas ambientais, o compromisso brasileiro com a transição energética e o mercado de créditos de carbono pode atrair capital externo.
A continuidade de reformas estruturais e a atração de investimentos estrangeiros serão fundamentais para sustentar o crescimento no longo prazo. O foco em projetos de infraestrutura, transição energética e educação será determinante para garantir avanços estruturais.