O Ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou, na sexta-feira passada, que uma das medidas estudadas pelo governo para reduzir os preços dos alimentos seria através do corte de impostos de importação de produtos que estiverem mais altos que no mercado internacional.
Ele ainda lembrou que, para este ano, a expectativa é que o país tenha uma supersafra, levando a um aumento da oferta e, consequentemente, uma redução natural dos preços.
Além disso, o ministro afastou a possibilidade de “medidas heterodoxas”, como congelamento de preços dos produtos.
“Não haverá congelamento de preços, tabelamento, fiscalização. Ele [Lula] até brincou que não terá fiscal do Lula nos supermercados e feiras. Não terá rede estatal de supermercado ou de lojas para vender produtos, isso não existe”, afirmou.
De forma geral, a afirmação não foi bem recebida pelos especialistas.
Bruno Takeo, da Potenza Capital, citou dois pontos importantes para se atentar.
O primeiro deles é a renúncia fiscal, dado que, com o corte de impostos, o governo arrecadará menos.
Já o segundo é com relação ao aumento da demanda em meio a um cenário de atividade já aquecido.
O economista da MB Associados, Sergio Vale, acredita que o impacto fiscal dessa medida seria mínimo, mas que o governo não foca na causa do problema.
Para ele, a discussão deveria ser em torno da forte demanda e da depreciação sofrida pelo real recentemente, ocasionada tanto por questões externas quanto pela situação fiscal do país.
Caso o governo focasse na questão fiscal, tanto a inflação corrente quanto as expectativas de inflação cairiam, na visão de Vale.
Já Luis Leal, da G5 Partners, comentou que a medida seria inócua e contraproducente para a inflação, já que o governo está focando em questões de alimentos são sazonais.
Além disso, ele argumenta que, apesar do impacto fiscal ser pequeno, a sinalização dada pelo Planalto é ruim.
O debate foi aberto na semana passada, conforme pesquisas de satisfação da população indicaram uma queda vertiginosa na aprovação de Lula.
De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada hoje, a aprovação do presidente caiu 5 pontos percentuais, para 47%, com a sua desaprovação subindo 2 pontos percentuais, para 49%.
É a primeira vez desde o começo de seu terceiro mandato que Lula enfrenta um cenário adverso.