Nos últimos dias os discursos mais duros de integrantes do Banco Central, com destaque para os do diretor de polÃtica monetária, Gabriel GalÃpolo, causaram um movimento de alta nas perspectivas para a taxa Selic.
De acordo com um levantamento feito pelo Broadcast, sistema de notÃcias em tempo real do Grupo Estado, com 61 researchs, 42% delas (26 casas) enxergam ao menos uma alta para a taxa básica de juros brasileira este ano. No último levantamento, apenas 2% (1 research de 45 consultadas) previa uma elevação.
Das 26 casas que esperam uma alta na taxa Selic, 25 projeta que esse aumento deve ocorrer na próxima reunião do Copom, marcada para Setembro.
A XP foi uma das instituições que elevou suas expectativas, passando a projetar que a taxa de juros brasileira deve encerrar este no em 11,75% ao ano, 1,25 ponto percentual acima do patamar atual, e o ano que vem em 12,00% ao ano, 1,50 ponto percentual superior aos 10,50% ao ano que ela se encontra.
“O que realmente nos fez mudar o cenário base para a taxa Selic foi a recente comunicação dos membros do Copom”, afirma o time de economia da XP, encabeçado por Caio Megale.
Para a corretora, a atividade econômica e o mercado de trabalho seguem mostrando que estão mais fortes do que o projetado, indicando que “a polÃtica monetária não está suficientemente restritiva; e seriam suficientes para uma reação do Banco Central”.
Nesse sentido, eles elevaram também a perspectiva para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do paÃs neste ano, que passou de 2,2% para 2,7%, e para a inflação, com o IPCA avançando de 4,1% para 4,4%.
Da mesma forma, o BTG também projeta que o Copom deve elevar os juros neste final de ano.
Em relatório publicado ontem (19), a área de research da instituição projeta um ciclo de alta de 150 pontos-base (1,50 ponto percentual) a 200 pontos-base (2,00 pontos percentuais), a começar com uma elevação de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) no encontro de Setembro.
Para os encontros de Novembro e Dezembro, eles projetam duas altas de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual)e, para Janeiro, uma alta adicional de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), o que levaria a taxa Selic para 12,00% ao ano.
“Acreditamos que um ajuste agora tenderia a favorecer cenários mais sustentáveis para a flexibilização da polÃtica monetária em 2025, pois lidar com um cenário de inflação mais deteriorado (com expectativas mais desancoradas) seria mais complicado posteriormente”, afirmam os analistas Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano, que assinam o relatório.
“Com o apoio de uma polÃtica fiscal mais contida, essa perspectiva mais favorável para a polÃtica monetária seria mais viável”.