A gestora de recursos independente Occam publicou ontem (2) sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Analisando o cenário externo, a gestora deu destaque às variações nas perspectivas para a política monetária norte-americana, com o mês de Agosto sendo marcado por dados mais fracos do mercado de trabalho do país, que “suscitaram a possibilidade de um início de ciclo de afrouxamento monetário mais intenso do que o esperado anteriormente”.
“Nesta direção, Powell indicou que a sua maior preocupação no momento é o enfraquecimento do mercado de trabalho e que atuaria de forma mais incisiva caso a deterioração continue”, comentou.
Olhando para a Europa, a gestora acredita que a resiliência do mercado de trabalho e da inflação da Zona do Euro dificultam o trabalho do Banco Central Europeu (BCE), limitando a extensão do ciclo de afrouxamento monetário do bloco.
Já na China o destaque ficou para o começo de um enfraquecimento do setor industrial, em paralelo com a deterioração contínua do mercado de trabalho do país, passando a colocar em risco a meta de crescimento econômico deste ano, na visão da Occam.
A gestora ainda traz um breve comentário sobre a situação do México, que apresentou uma deterioração institucional em Agosto, “com a iminência da aprovação de reformas que enfraquecem o sistema de pesos e contrapesos constitucional”.
Olhando para o Brasil, a publicação destaca que a comunicação do Banco Central se tornou “bastante ruidosa” ao longo do mês.
“Nesta janela, membros do Copom buscaram conciliar sinais de comprometimento com a convergência para a meta de inflação e, ao mesmo tempo, indicar desconforto com o ciclo de aperto precificado pelo mercado”, analisa.
A gestora argumenta que o maior vigor da atividade econômica, principalmente com o aquecimento do mercado de trabalho, atrelado à desancoragem das expectativas e a composição deteriorada da inflação corrente e às frequentes dúvidas com a situação fiscal do país demandam uma política monetária mais restritiva, “com início do ciclo já na próxima reunião do Copom”.
“Em relação à política fiscal, o anúncio de alterações no programa auxílio-gás, que seria ampliado, mas não seria contabilizado dentro das estatísticas fiscais do governo federal, contribuiu para elevar as dúvidas em relação ao arcabouço atual e o compromisso com a consolidação fiscal. O envio do projeto do orçamento para 2025, com receitas incertas e despesas subestimadas, reforça esse questionamento”, acrescenta.
Dessa maneira, no mercado de renda fixa a gestora segue “com viés aplicador” nas curvas de juros de países desenvolvidos.
“Reduzimos as posições aplicadas nos EUA, mas ainda mantemos uma posição nos vértices mais curtos diante dos riscos de um ciclo de cortes mais intenso”, explica.
Por aqui, a gestora montou uma posição tomada em juros nominais, seguindo com “viés tomador diante da deterioração dos fundamentos locais”.
No mercado de câmbio, ela segue vendida em yuan, da China, e, agora, possui também uma posição vendida em euro.
Já no mercado de renda variável, a gestora não teve grandes alterações em sua carteira, se mantendo com exposição mais alta na carteira doméstica, “porém com mais proteções”, enquanto que, na carteira internacional, ela tem uma exposição menor e com menos hedge.
Em Agosto o Occam Retorno Absoluto FIC FIM, principal fundo da casa, apresentou rentabilidade negativa de -0,51% e acumula, em 2024, rentabilidade de 2,39%.