A gestora de recursos independente Ibiuna publicou, na terça-feira (1), sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Nela, a gestora destaca dois grandes acontecimentos que ocorreram no mês passado, a começar pelo início do ciclo de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos.
“A postura mais flexível do Fed em particular aumentou os graus de liberdade de outros bancos centrais para afrouxamento monetário sem risco de depreciação adicional relevante de sua moeda”, comenta.
Além disso, ela também dá ênfase ao anúncio de um “forte” pacote de estímulos monetário, fiscal e regulatório apresentado no final do mês pelo governo chinês, na tentativa de aquecer sua economia.
“Em resultado, observamos uma boa performance de ativos de risco, com enfraquecimento da moeda americana, alta de commodities (em particular metálicas) e o deslocamento baixista de curvas de juros pelo mundo”, afirma a gestora.
Ela acredita que a continuidade dessa tendência depende, agora, de fatores políticos e geopolíticos.
No campo político, ela destaca a proximidade das eleições norte-americanas, com as pesquisas apontando para uma disputa apertada “em que o vencedor provavelmente só será conhecido após abertura das urnas”.
“Diante de programas de governo muito diferentes entre Republicanos e Democratas, antecipamos volatilidade em preços de ativos em novembro além daquela usualmente oriunda da ação de bancos centrais
“Isso deverá ser relevante para vários ativos não só nos EUA e especialmente no caso de resultado eleitoral que aponte alinhamento partidário total entre Presidente, Senado e Câmara”.
Além disso, ela também acredita que uma escalada mais persistente no conflito do Oriente Médio “poderia gerar uma onda de aversão a risco global liderada pela alta do petróleo”.
Já por aqui, a publicação argumenta que “o expansionismo fiscal por razões políticas levou o BC a dar início em setembro a um ciclo de altas de juros, na direção contrária ao resto do mundo”, o que acabou puxando a curva de juros para cima, mantendo o real depreciado e fazendo com que a bolsa devolvesse parte dos ganhos conquistados em Agosto.
“Voltamos ao Brasil do passado não tão distante onde uma postura fiscal demasiado expansionista demandava uma
postura monetária mais rígida, gerando pressão sobre a dívida pública e custos maiores para atingir o mesmo equilíbrio de crescimento e inflação no país”, afirma.
“Não vemos, dessa forma, o Brasil bem posicionado para se beneficiar da mudança de postura pelo Fed, ou mesmo estímulos na economia chinesa, ao passo que as nossas fragilidades apontam para um impacto mais danoso de potenciais ondas de aversão a risco sobre os preços financeiros locais”.
Com isso, enquanto lá fora ela se mantém em busca de oportunidades em economias desenvolvidas e emergentes que estejam atrasadas no ciclo de afrouxamento monetário, por aqui ela mantém posições defensivas.
No mercado de renda fixa doméstico ela segue tomada em juros nominais e inflação implícita, além de realizar operações de valor relativo nas curvas de juro real e de implícitas. Lá fora, ela segue aplicada em países desenvolvidos e emergentes “selecionados”, à espera da precificação do ciclo de cortes nos juros avançar.
No mercado de câmbio ela mantém posições vendidas em real e peso mexicano e busca oportunidades “através de trades táticos que explorem alavancagem via opções de curto prazo”.
Na renda variável, a gestora segue com sua exposição tática a índices futuros de ações nos Estados Unidos, enquanto seu time de equities mantém exposição a ações brasileiras “mirando a captura de alfa puro via posições long-short não direcionais”. No mercado de commodities a gestora adicionou uma posição comprada em Ouro.
“Seguimos também com a alocação de risco aos livros de crédito, com posições no Brasil e em emergentes geridas por
nosso time de crédito corporativo; e no livro sistemático, explorando estratégias geridas por nosso time quantitativo”, acrescenta.
O Ibiuna Hedge FIC FIM, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 0,57% em Setembro, ante 0,84% do CDI. No ano, o fundo acumula alta de 1,08% contra 7,99% do seu índice de referência.