A gestora de recursos independente Ace Capital publicou, nesta semana, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Novembro.
Nela, a gestora traça suas perspectivas para a segunda passagem do republicano Donald Trump pela Casa Branca.
De forma geral, a Ace está “moderadamente” otimista com as perspectivas para a economia norte-americana nos próximos quatro anos.
“A economia parece bem-posicionada para um ciclo virtuoso de investimentos, diante da expectativa de desregulamentação e da demanda por investimento relacionada a novas tecnologias”, afirma.
“No campo fiscal, acreditamos que o governo e o Congresso têm uma oportunidade importante para avançar em direção a um equacionamento da evolução da dívida e acreditamos que os novos membros do governo têm a percepção correta neste sentido e buscarão aproveitar esta oportunidade”.
A gestora considera que os maiores riscos neste momento seguem sendo as políticas e medidas com efeitos maiores sobre a inflação, “como as relacionadas à imigração/deportação e tarifas comerciais”.
Com relação ao Brasil, a publicação afirma que a situação “segue deriva negativa”, citando que, com relação ao pacote fiscal anunciado recentemente, as contas feitas pelos analistas da gestora apontam para números “muito menores” do que os apresentados pela equipe econômica do governo, enquanto que a intenção de aumentar a faixa de isenção do imposto de renda para R$5 mil conta com “vários problemas”.
“Para começar, há o risco fiscal direto de vermos os benefícios serem aprovados sem as devidas compensações, muito embora o governo diga o contrário. Além disso, mesmo que haja a compensação, será mais uma possível fonte de pressão inflacionária”, explica.
“A medida, como desenhada, tira dinheiro de uma faixa de renda poupadora e transfere para uma faixa de renda com uma propensão marginal a consumir bem maior. Isso vai representar uma nova rodada relevante de impulso para a demanda agregada, pois o tamanho estimado da isenção é relevante (ao redor de 40 bilhões), em um momento de hiato do produto e mercado de trabalho já estão bastante pressionados. Ou seja, resultará em aceleração da inflação e maior pressão por uma Selic terminal mais alta”.
Ela ainda acrescenta que essa medida traz a possibilidade de acentuar desequilíbrios nas contas externas, “que já começam a incomodar”.
Sendo assim, a gestora projeta que existe a possibilidade do país estar caminhando para um cenário de taxa de câmbio “permanentemente depreciada”, com inflação e juros mais altos, projetando que o IPCA deve chegar a 5% este ano e a 5,70% no ano que vem, enquanto a Selic teve atingir 14,25% ao final do ciclo de alta que ela passa.
“Essas projeções são compatíveis com uma taxa de câmbio de R$6,00 por dólar”, conclui.
Sendo assim, no mercado de renda fixa, por aqui ela segue comprada em inflação na parte curta da curva enquanto que, lá fora, ela adicionou posições aplicadas nos Estados Unidos e na Noruega, mantendo uma pequena posição tomada no Japão.
No mercado de câmbio, ela reduziu sua posição comprada em dólar, iniciando Dezembro “apenas com operações táticas sem destaque relevante”, enquanto mantém posições compradas em volatilidade e reduziu suas posições tomadas em cupom cambial.
“No mercado local, seguimos posicionados para um ambiente de inflação mais pressionada: tomados em juros com hedge na venda de USDBRL”, acrescenta.
“No mercado internacional, continuamos comprados em S&P com hedge na venda de moedas e, após a eleição americana, complementamos a proteção com aplicado em Treasury”.
Já em renda variável, ela aumentou sua exposição no mercado local, “saindo de uma posição levemente vendida para marginalmente comprada, principalmente por meio da redução do índice vendido que atua como proteção para a nossa carteira de ações”.
“A composição setorial da carteira permaneceu praticamente inalterada, mantendo exposições em commodities, proteínas, energia elétrica, saneamento e construção civil. No mercado externo, ampliamos nossa posição no índice S&P”, acrescenta.
Em Novembro, o Ace Capital FIC FIM, um dos principais fundos da casa, registrou ganho de 2,34%, acumulando alta de 5,68% em 2024.