A gestora de recursos independente GTI publicou, na semana passada, sua carta mensal de Janeiro destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Nela, André Gordon, gestor da GTI, destaca o começo de ano volátil de 2025 por conta do novo governo Trump.
“Ao longo da campanha eleitoral, Trump ameaçou retaliar, através de tarifas as importações, diversos Países que não estariam “alinhados” com práticas desejadas pelos EUA. Entre os Países alvos, estariam a China, o México e a União Europeia”, afirmou.
“Até que todos esses novos parâmetros estejam mais claros, a volatilidade tenderá a seguir em patamares mais elevados”.
Com relação aos dados, Gordon pontua que a atividade econômica norte-americana começa a dar sinais de desaceleração, com o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescendo 2,3% no último trimestre de 2025, abaixo do estimado e do registrado no período anterior, apesar do mercado de trabalho seguir apertado no país.
Ainda assim, os dados de inflação seguem acima da meta de 2% e, por isso, o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, manteve os juros inalterados em seu primeiro encontro deste ano, “enquanto observa como responderá a dinâmica de preços e da atividade”.
Por aqui, o destaque fica para a elevação de 1% da taxa Selic, que passou a 13,25% ao ano.
“No comunicado, entretanto, os diretores, além de sinalizar mais uma elevação de 1% para a próxima reunião, deixaram em aberto a possibilidade de que o nível da Taxa Selic já estaria próximo do adequado, de forma que poderia haver apenas mais um último ajuste mais fino”, comenta.
“Essa leitura não foi unânime, no primeiro momento, mas consonante com alguns dados de atividade e do mercado de trabalho apresentando sinais de enfraquecimento, além da forte apreciação do Real, passou a fazer mais sentido”.
Para a gestora, caso o governo dê sinais de responsabilidade fiscal, o ciclo de alta da Selic pode se encerrar em 15%, aproximadamente.
No ano passado, a gestora lembra que o governo conseguiu atingir sua meta fiscal, mas que isso segue incerto para este ano.
“Para 2025, entretanto, esperamos uma forte desaceleração no crescimento [da economia], para o intervalo entre 1% e 1,5%, e inflação inferior, ainda que próxima, a deste ano”, afirma.
“Se em 2025 tivermos um déficit nominal similar ao de 2024, deveremos ver a relação entre dívida e PIB saltar entre 3,5% e 4%, o que pode contaminar às expectativas de mercado, caso não observemos gestos concretos no sentido de maior disciplina fiscal”.
Em seu portfólio, os destaques ficaram para os papéis do Itaú (ITUB4), que registraram alta de 11%, “junto com a melhora das perspectivas domésticas”, e da Tenda (TEND3), “com os analistas revisando as expectativas de crescimento da empresa, que já eram bastante positivas, ainda mais para cima”.
Na ponta contrária, as ações da Gerdau (GGBR4) foram destaque negativo, tendo caído 5,1% no período, refletindo, principalmente, “a redução no prêmio para o aço longo, com a apreciação do Real além da forte queda em empresas industriais de alto peças, refletindo além do cambio as preocupações com as filiais que produzem a partir do México e poderiam sofrer com as novas tarifas de importação”.
Os fundos GTI Dimona, GTI Haifa e GTI Nimrod avançaram 1,81%, 1,66% e 1,50%, respectivamente, em Janeiro, enquanto o Ibovespa forte alta de 4,87%.