A gestora de recursos independente GTI publicou ontem (4) sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Outubro.
Nela, a gestora comenta que o mês foi “bastante movimentado”, tanto aqui quanto lá fora.
Nos Estados Unidos, a gestora destaca que o cenário de pouso suave da economia segue sendo o mais provável, mesmo depois do Produto Interno Bruto (PIB) do paÃs desacelerar no terceiro trimestre do ano, de acordo com leitura preliminar.
Na China, porém, o cenário segue incerto, com o PIB avançando 4,6% no perÃodo, abaixo da meta de 5% porém acima do projetado pelos especialistas. A gestora ainda lembra que, em mais uma tentativa de impulsionar a segunda maior economia do mundo, o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu sua taxa básica em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para 3,6%, enquanto o governo anunciou uma série de outras medidas.
No cenário geopolÃtico, o destaque ficou para a resposta de Israel ao ataque sofrido por forças iranianas, algo que, na visão da gestora, deve ter, como resposta, uma nova operação iraniana.
“Esperamos ainda para este ano algum desenvolvimento do conflito na região, mas aparentemente seguindo alguma disciplina e respeito, de lado a lado”, projeta.
Por aqui, a gestora chama a atenção para a deterioração do cenário macroeconômico, “principalmente pela dificuldade que o Ministro da Fazenda Fernando Haddad está tendo para anunciar um pacote de cortes, sinalizando o compromisso do Governo com o EquilÃbrio Fiscal”.
“O Presidente Lula se mostra mais preocupado em anunciar medidas populistas e novos gastos, deixando a conta para ser paga através de novos impostos a serem criados. Essa dinâmica, há muito tem se mostrado esgotada”, afirma.
“A Sociedade Brasileira já arca com uma das maiores cargas tributárias do planeta e tem serviços oferecidos pelo Estado que parecem aquém das expectativas. Assistimos a nossa curva de juros se deslocando mais 0,5% para cima, atingindo o patamar de 13%, o que coaduna com a nova perspectiva de elevação da Taxa SELIC em pelo menos 300 pontos base”.
Com relação à s eleições municipais, a GTI comenta que elas confirmaram “uma tendência que é observada desde 2018”, com o avanço de partidos de centro e de direita enquanto os partidos de esquerda apresentaram encolhimento.
“Destaco um pouco essas questões polÃticas, para sinalizar que talvez tenhamos mudanças para as próximas eleições”, comenta o gestor André Gordon.
“E se elas ocorrerão apenas daqui a 23 meses, o processo de sucessão de Lula deve começar já a partir do final do ano que vem, se não antes, caso o Presidente Lula dê sinais de que não deve disputar a reeleição”.
Olhando à frente, Gordon chama a atenção para as eleições norte-americanas que devem, entre outras coisas, influenciar no pleito brasileiro de 2024.
“A vitória do Donald Trump tende a favorecer a reabilitação do Ex-Presidente Jair Bolsonaro, hoje sem os seus direitos polÃticos, aumentando a probabilidade de que nas eleições de 2026 a direita volte a Governar o PaÃs”, comenta.
Além disso, ele também destaca que as eleições norte-americanas também devem responder se os Estados Unidos “voltarão a ser um ator mais decisivo nos principais conflitos de hoje, com a vitória de Donald Trump, ou se a tendência que ganhou corpo durante o governo Biden permanecerá, deixando um ‘vácuo de poder’ a ser ocupado”.
Com relação à sua carteira, a GTI destaca as ações da Suzano (SUZB3), que avançaram 9,8% no mês, alta considerada “ainda tÃmida diante do atual nÃvel da taxa de câmbio e com o ramp up da nova planta do cerrado, que deve adicionar em torno de 900 mil toneladas de celulose este ano de 2024″.
Além delas, a publicação também chama a atenção para o desempenho da farmacêutica Blau (BLAU3), que avançou 13,7% “diante da melhora de expectativas após um ano complicado devido à forte queda de preços da imunoglobulina no pós-pandemia e com a maior ocupação da capacidade da Bergamo”.
Apesar disso, os fundos GTI Dimona, GTI Haifa e GTI Nimrod registraram recuo de -0,82%, -0,89% e -0,97%, respectivamente, em Outubro, contra queda de -1,6% do Ibovespa