A gestora de recursos independente JGP publicou, nesta semana, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Nela, a gestora destaca a performance positiva dos ativos norte-americanos, diante do “iminente início do ciclo de afrouxamento monetário por parte do Federal Reserve (FED)”.
“Os dados econômicos divulgados durante o mês corroboraram esse comportamento dos ativos, uma vez que a leitura de inflação veio bem favorável, com números baixos tanto para o CPI e o PCE (varejo), quanto para o PPI (atacado). Além disso, os dados de atividade mostraram desaceleração do ritmo da economia norte-americana”, afirma.
Olhando para a China, a gestora destaca que “os dados de atividade continuaram mostrando uma velocidade de crescimento muito distinta entre os setores econômicos”.
“Enquanto os setores industrial e exportador estão crescendo bem, o setor de consumo doméstico apresenta uma performance mais moderada e o setor de construção civil, por sua vez, continua em recessão”, comenta.
“Em relação a este último, os analistas esperam mais estímulos por parte do governo para quebrar o ciclo vicioso negativo”.
Já por aqui, a gestora destaca que os ativos domésticos não conseguiram entregar “uma performance positiva convincente” em Agosto.
“O índice de ações Ibovespa subiu 6,5% e o Real teve uma modesta apreciação, de 0,8%, mas a curva de juros se deslocou para cima, com maior intensidade nos vértices mais curtos”, comenta.
“Dessa forma, o DI de Jan 25 abriu 27 bps [pontos-base, na sigla em inglês], o Jan 26 abriu 22 bps e o Jan 27 teve um aumento de apenas 8 bps”.
A gestora argumenta que isso foi ocasionado pela percepção de que o BC deve inciar um ciclo de aperto monetário e que ele será mais acelerado do que o previsto.
“Além disso, muitos analistas acreditam que não será preciso subir muito a taxa de juros, haja vista que o patamar atual já é alto e que a política fiscal deve ficar menos expansionista nos próximos meses, quando comparada aos últimos 12 meses. Por isso, a parte mais longa da curva embute um prêmio relativamente pequeno para um início de ciclo”, acrescenta.
Ela argumenta que alguns fatores influenciam na defesa de que o patamar atual já é restritivo o suficiente, sendo eles: a difícil contenção do crescimento econômico e a perspectiva de que os dados de inflação passados podem “ter sido beneficiada por uma desinflação externa de commodities e bens industrializados, que veio com a normalização das cadeias produtivas após a pandemia da Covid”.
“Dado que o mercado de trabalho doméstico está superaquecido, e a contribuição externa positiva pode ter terminado, é possível que haja uma aceleração da inflação mesmo com menor expansão fiscal”, conclui, acrescentando que ela enxerga riscos inflacionários assimétricos para cima.
Além disso, ela ainda lembra que um ciclo de alta na taxa de juros só pode parar quando o BC conseguir levar tanto a inflação corrente quanto as suas expectativas para a meta, algo que “costuma levar tempo”.
Sendo assim, ela conclui a publicação afirmando que “não se pode ter certeza de que o ciclo de aperto monetário será tão curto”.
Em Agosto, o JGP Hedge, principal fundo da casa, registrou rentabilidade de 1,06% ante 0,87% do CDI, acumulando 7,16% de valorização em 2024 contra 7,09% do seu índice de referência.