A gestora de recursos independente Neo, publicou, na semana passada, sua carta destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Novembro.
Na publicação, a gestora destaca a apresentação das medidas fiscais por parte do governo, que junto do anúncio de isenção da faixa de imposto de renda pessoa fÃsica, “ampliou o grau de desconfiança dos mercados sobre a polÃtica econômica brasileira”.
“O arcabouço fiscal segue com o problema fundamental de, mesmo se cumprido à risca, não estancar o crescimento da relação dÃvida/PIB”, afirma.
“Além disso, agora os agentes questionam se a proposta de isentar do pagamento de IR praticamente 70% da população que entrega a declaração anual à Receita (e, em contrapartida, tentar taxar os ‘super-ricos’) não acabará resultando em menos arrecadação e mais pressão inflacionária numa economia já superaquecida”.
A Neo argumenta que as polÃticas monetárias e fiscal do paÃs seguem “sem fornecer referências claras e crÃveis (as tais âncoras) para o futuro das principais variáveis macroeconômicas”.
“Acreditamos que as expectativas de inflação para 2025 (hoje, pelo boletim Focus, em 4,40%) seguirão aumentando até o intervalo 5,0%-5,5%, o que continuará pressionando o Copom para elevar a Selic”, projeta.
“Não acreditamos que o Banco Central simplesmente endossará a precificação do mercado futuro (que já vê a Selic a perto de 15% no final do ciclo), mas, provavelmente, a taxa será elevada para as imediações de 13,5% até que as expectativas e o câmbio reduzam as oscilações”.
Luciano Sobral, economista-chefe da gestora, destaca que os juros reais, que rondarão os 8%, figurarão entre os maiores dos últimos 20 anos e, mesmo assim, ainda não está claro se devem conseguir estabilizar o câmbio “caso o ambiente global volte a ser inflacionário e os juros americanos de mercado sigam subindo”.
Olhando para fora, o destaque fica para a “ampla vitória (colégio eleitoral, voto popular e maioria nas duas câmaras do congresso) dos Republicanos nas eleições americanas”, que trouxe, na visão de Sobral, mais problemas potenciais para os paÃses emergentes.
“O dólar fechou o mês acumulando mais valorização contra quase todas as moedas que acompanhamos, e o espectro de um choque de tarifas no comércio global seguirá rondando os mercados ao menos pelos próximos meses”, comenta.
Sendo assim, ele conclui a publicação afirmando que o fluxo de notÃcias dos próximos meses deve ser negativo, com potencial de manter o processo de deterioração dos ativos brasileiros.
Nesse contexto, o Neo Multimercado 30, principal fundo da casa, registrou retorno negativo de -0,07% em Novembro contra avanço de 0,79% do CDI no perÃodo.