A gestora de recursos independente Occam publicou, na semana passada, sua carta mensal referente a Dezembro, destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral.
Nela, a gestora destaca, lá fora, as preocupações do Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, com relação à s perspectivas para a inflação do paÃs.
“No mês de dezembro, o FOMC reduziu novamente a taxa básica de juros em 0,25%, para o intervalo de 4,25% a 4,5%. No entanto, as
novas projeções de atividade e inflação sugerem que o espaço para cortes adicionais é limitado”, afirma.
“Na coletiva de imprensa, o presidente do FED, Jerome Powell, indicou que as projeções refletem parcialmente a maior preocupação com a inflação, derivada de polÃticas econômicas que serão adotadas pela nova administração”.
Com relação à Europa, a gestora pontua que “a inflação começa a mostrar maior consistência com a meta, sobretudo devido à queda da inflação de serviços”, projetando que “a divergência de polÃtica monetária entre as duas maiores economias pode se acentuar nos próximos trimestres”.
Já com relação à China, a Occam argumenta que, apesar dos esforços e estÃmulos anunciados pelo governo, os sinais seguem indicando uma fraqueza da demanda doméstica, “com a demanda por crédito ainda muito fraca, poucos sinais de estabilização do mercado imobiliário e pressões deflacionárias persistentes”.
Por aqui, o destaque ficou para a turbulência que o mercado brasileiro viveu no último mês de 2024.
“Além da continuidade dos questionamentos fiscais, com a esperada diluição das medidas elaboradas pelo governo durante sua tramitação no Congresso, a sazonalidade mais negativa nas remessas ampliou a demanda por dólares e contribuiu para uma nova depreciação do real, mesmo com a venda de um montante relevante de reservas internacionais pelo Banco Central”, explica.
“Além disso, o cenário de inflação continuou deteriorado, com divulgações mostrando uma composição mais preocupante e, principalmente, com uma nova rodada de piora das expectativas em todos os horizontes”.
Com isso, além das duas altas de 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) já indicadas para os próximos dois encontros pelo Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) do Banco Central em sua última reunião, a gestora acredita que “o ciclo de aperto monetário deverá continuar no segundo trimestre deste ano”.
Sendo assim, no mercado de juros, ela segue sem posições relevantes nos mercados desenvolvidos e zerou as posições tomadas no mercado brasileiro ao longo de Dezembro, enquanto que, no mercado de moedas, ela segue comprada em dólar, principalmente contra o euro.
Já no mercado de renda variável doméstico, ela mantém um posicionamento mais protegido de sua carteira, com posições relativas, tendo sido essas “as principais contribuições positivas do mês, com destaque para aumento dos setores financeiro e energia com redução em utilities”, enquanto que, na renda variável internacional, ela continua animada “com a atividade americana e perspectiva de resultados positivos das empresas, em especial de tecnologia”.
Ainda assim, ela optou por fazer um pequeno ajuste de posições “prioritárias” por conta do risco, já que essa fatia apresentou boa valorização tanto no mês passado quanto em 2024, e não por mudanças nos fundamentos.
O Occam Retorno Absoluto FIC FIM, principal fundo da casa, registrou valorização de 2,18% em Dezembro, encerrando 2024 com alta de 9,42%, equivalente a 87% do CDI.