A gestora de recursos independente Occam publicou, na semana passada, sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Outubro.
Nela, a gestora destacou, lá fora, a proximidade das eleições norte-americanas e como isso impactou nos mercados, conforme as pesquisas passaram a indicar um crescimento na intenção de votos no ex-presidente republicano Donald Trump.
“Neste cenário, a adoção de políticas de redução de impostos, desregulamentação, aumento de tarifas comerciais e restrição à imigração se torna mais provável”, comenta.
Olhando para os indicadores econômicos, a Occam pontua que eles indicam que a atividade no país segue sólida, “com particular bom desempenho do consumo das famílias”.
“Na zona do euro, o bom desempenho da economia da Espanha se destacou, em contraste com a fraqueza na Alemanha”, acrescenta.
“Na China, dados preliminares mostram alguma recuperação da atividade após os estímulos anunciados”.
Além disso, ela também comenta sobre a crescente preocupação com a situação fiscal de diversas economias do mundo, inclusive a brasileira, cujo debate em torno do assunto “voltou a ganhar espaço nas discussões domésticas, com elevado questionamento sobre a viabilidade do arcabouço fiscal nos próximos anos”.
“A deterioração do sentimento em relação à dinâmica fiscal e seu impacto sobre os preços de ativos motivou declarações de autoridades sobre um novo pacote de ajuste, desta vez focado em contenção de gastos”, comenta.
“Até o momento, não há informações concretas sobre este pacote, e parte relevante das medidas cogitadas até agora parece modesta em relação à magnitude do ajuste necessário ou de difícil execução”.
Esse contexto, atrelado à um hiato de produto ainda mais pressionado, a deterioração da inflação corrente, expectativas desancoradas e câmbio mais depreciado coloca o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inserido em um “cenário mais desafiador” para a reunião desta semana, com a gestora prevendo que deve ser anunciado um aumento de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) na taxa Selic.
Com isso, no mercado de renda fixa, ela se manteve aplicada em taxas curtas nos Estados Unidos e aplicada em juros nominais na parte intermediária da curva brasileira.
No mercado de câmbio, ela segue sem posições relevantes, depois de permanecer vendida em euro e ter acrescentado posição vendida em uma cesta de moedas contra o dólar no início do mês passado, com ambas sendo encerradas no fim de Outubro.
No mercado de renda variável, a Occam aumentou sua exposição líquida externa, “principalmente em ações de tecnologia, que em sua maioria divulgaram bons resultados”.
“No cenário doméstico, acreditamos que a expectativa de aperto monetário relevante irá continuar a pressionar o Ibovespa, o que deve manter os múltiplos das empresas baixos no curto prazo”, comenta.
“Um re-rating mais relevante passa por uma expectativa de melhora do fiscal. Assim, mantemos nossas posições locais hedgeadas sem exposição direcional”.
Ela acrescenta que a principal mudança da carteira foi sua redução da exposição ao setor de utilities que, apesar de gostar, não tem apresentado gatilhos relevantes no curto prazo, tendo sido uma das contribuições negativas para os fundos da gestora recentemente.
Em Outubro, o Occam Retorno Absoluto FIC FIM, principal fundo da casa, avançou 0,95%, equivalente a 102% do CDI, acumulando alta de 4,67% em 2024, equivalente a 52% do CDI.