A gestora de recursos independente Occam publicou ontem (1) sua carta mensal destinada aos cotistas de seus fundos e investidores em geral referente a Setembro.
Olhando para o mercado externo, a publicação destaca o corte maior do que o previsto na taxa de juros norte-americana, anunciado em meados do mês passado pelo Federal Reserve (FED), banco central do paÃs.
“A decisão foi motivada tanto pelo comportamento benigno da inflação quanto por indicadores que mostravam menor dinamismo do mercado de trabalho”, pontua.
Na Europa, a gestora afirma que a atividade segue decepcionando as expectativas, forçando o Banco Central Europeu (BCE) a direcionar um novo corte nas taxas de juros da Zona do Euro em seu próximo encontro.
Já com relação à China, a Occam destaca o pacote de medidas de estÃmulos fiscais e monetários anunciado no final do mês, tendo iniciado com um programa de recapitalização de bancos e introduzido ações para reequilibrar o mercado imobiliário.
“O desempenho da economia chinesa nos próximos trimestres dependerá da efetividade das medidas anunciadas”, projeta.
Olhando para o mercado interno, o destaque fica para o inÃcio do ciclo de aperto monetário no mês passado, com o Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) elevando a taxa Selic em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
“A deterioração do cenário inflacionário foi expressa pela elevação de suas projeções de inflação ao longo de todo o horizonte de projeção”, comenta.
Para a gestora, a perspectiva de alta de 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) na taxa básica de juros brasileira resulta em um processo de desinflação gradual, mas não será suficiente para levá-la à meta do Banco Central.
“Outra informação importante é que a autoridade monetária passou a considerar o hiato de produto como inflacionário, indicando que a convergência da inflação para a meta demandará uma desaceleração da atividade”, acrescenta.
Levando em consideração que o governo liberou uma pequena parte das despesas bloqueadas do orçamento deste ano, a gestora projeta que o BC deve acelerar o ritmo de aperto monetário em seu próximo encontro, marcado para Novembro, com o ciclo de alta da Selic se mantendo “ao menos” até o primeiro trimestre de 2025.
Nesse contexto, a gestora segue com viés aplicador nas curvas de paÃses desenvolvidos, no mercado de renda fixa externa, voltando a aumentar sua posição aplicada nos Estados Unidos e na Europa, “especialmente nos vértices intermediários”.
No mercado de renda fixa doméstico, ela segue com viés tomador, “por conta da piora dos fundamentos e voltamos a montar uma posição tomada em juros nominais”.
No mercado de câmbio, ela encerrou sua posição vendida em yuan da china e aumentou sua posição vendida em euro, se mantendo sem posição relevante no real brasileiro.
Em renda variável, a gestora mantém uma exposição lÃquida no mercado externo maior que no mercado interno.
Isso porque, enquanto lá fora a economia resiliente, queda nos juros e um processo desinflacionário em andamento a fazem crer em um cenário benéfico para o mercado acionário, por aqui ela projeta que iremos passar “por um momento de aperto monetário relevante, que deverá levar a uma desaceleração econômica e impactará alguns setores da nossa economia”.
Sendo assim, no exterior ela segue voltada para ações de tecnologia, “as quais aumentamos marginalmente com perspectiva de bons resultados”, enquanto que, no mercado doméstico, ela mantém uma “exposição bruta alta”, visando assimetria entre as posições, “porém com a carteira bastante hedgeada e exposição lÃquida baixa”
Em Setembro, o Occam Retorno Absoluto, principal fundo da casa, registrou ganho de 1,26%, equivalente a 151% do CDI. No ano, ele acumula alta de 3,69%, equivalente a 46% do CDI.