O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, anunciou, na última quarta-feira (18), que elevou a taxa Selic em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para 10,75% ao ano, conforme o esperado pelo mercado.
No comunicado que acompanha o anúncio, o Copom adotou um tom mais rígido (hawkish, no jargão do mercado), destacando que o cenário externo permanece desafiador, especialmente devido à inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que aumenta as incertezas sobre a desaceleração e a desinflação.
Já com relação ao cenário doméstico, o dinamismo maior do que o previsto nos indicadores econômicos e no mercado de trabalho levou o Comitê a reavaliar o hiato do produto para um nível positivo, indicando pressões inflacionárias.
Para o mercado, a sinalização dada pelo BC é de que ele pode acelerar o ritmo de elevação dos juros nas próximas reuniões, o que acabou levando a uma reprecificação da curva de juros brasileira na sessão de ontem.
O mercado projeta que o Copom deve elevar a taxa Selic até 12,00% ao ano, 125 pontos-base (1,25 ponto percentual) acima do patamar atual, e que ela deve ser mantida por ali até, pelo menos, meados do ano que vem, quando um novo ciclo de cortes deve ser iniciado.
Nesse cenário, investidores têm se perguntado quais as melhores opções para investimentos em renda fixa, dado que, apesar do novo ciclo de alta, na teoria, ser positivo para os títulos pós-fixados, na prática ele é mais curto e com um espaço de tempo menor do que a média histórica.
Respondendo a essa pergunta, Fabio Susteras, estrategista-chefe da SPCAP Investimentos, destaca que, ainda que o Copom não tenha dado qualquer sinalização clara sobre os próximos passos a serem dados pela política monetária brasileira, “as projeções de inflação apresentadas no cenário de referência indicam que, com base nas expectativas do mercado, a trajetória atual da taxa Selic — 11,50% até janeiro de 2025 e 10,50% até dezembro do mesmo ano — poderá não ser suficiente para cumprir esse objetivo”.
Logo, ele mantém uma perspectiva favorável para os títulos indexados ao IPCA, chamados IPCA+, “considerando que as taxas nominais permanecem elevadas, mesmo com a redução dos spreads, e que as taxas reais estão em níveis atrativos”.
“Além disso, para perfis conservadores, considero recomendável uma alocação significativa em ativos pós-fixados, tendo em vista o atual cenário de juros altos e o ambiente de maior incerteza econômica”, acrescenta.
Ele ressalta, ainda, que, dado o cenário atual, com riscos locais e globais, a renda fixa se apresenta como uma alternativa sólida para o investidor, mas que o mesmo deve se atentar ao seu perfil de risco e às alternativas de alocação disponíveis para encontrar as melhores opções para sua carteira.