O mercado de capitais brasileiro registrou captação de R$47,5 bilhões em Setembro, de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O resultado foi 23,98% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado.
Apesar disso, ele acumula captação de R$541,9 bilhões em 2023, 15,9% acima do valor captado no ano passado e a maior cifra já registrada desde o início da série histórica, em 2012.
“O resultado evidencia a robustez do mercado de capitais brasileiro, com um crescimento sustentável puxado pela renda fixa e com recordes em vários instrumentos”, afirma César Mindof, diretor da ANBIMA.
“O cenário externo, com a recente queda dos juros nos EUA, e o interno, com a expectativa de elevações na Selic, indicam que esses produtos continuarão ganhando espaço”.
No mercado de renda fixa, o grande destaque ficou para as debêntures, com captação de R$31,69 bilhões, levemente abaixo dos R$31,77 bilhões registrado em Setembro de 2023.
Eles foram seguidos pelos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), com R$4,17 bilhões, e pelos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), com R$3,77 bilhões.
As Notas Comerciais registraram saldo de R$3,05 bilhões em Setembro, seguidas pelos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que acumularam captação de R$1,87 bilhão, e pelos CDCA, com R$856 milhões.
Na renda variável, não foi registrado nenhuma abertura de capital (IPO) ou oferta subsequente de ações (Follow-on) no mês passado, enquanto em Setembro do ano passado foram captados R$5,99 bilhões em follow-ons.
Já nos híbridos, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) registraram R$1,53 bilhão em emissões enquanto os Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGROs) captaram R$521 milhões.
A Anbima ainda destacou as emissões no mercado externo que, no acumulado do ano, atingiram US$17,6 bilhões, também superando o registrado em 2023, quando foram emitidos US$15,5 bilhões.
“O mercado externo tem voltado a ser uma importante fonte alternativa de crédito privado, ajudando a atender companhias com diferentes perfis e sendo um bolso adicional ao emissor”, comentou Maranhão.
“Isso fica evidente considerando o volume de emissões em 2024, que fica atrás apenas das debêntures [quando convertido para moeda local, atingindo R$91 bilhões]”.
Em relatório, os analistas do Safra se mostraram otimistas com as perspectivas para o mercado de renda fixa.
“Apesar de um declínio geral nos volumes emitidos MoM, os números consolidados do 3T24 indicam mais um trimestre forte de atividade de renda fixa, com a segunda maior emissão já registrada, atrás apenas do 2T24”, afirma a publicação.
“Olhando para o futuro, em meio a um ambiente de taxas de juros ainda altas, esperamos ver as operações de renda fixa continuando a sustentar volumes fortes, pois a demanda por produtos de menor risco deve permanecer alta”.