A Standard & Poor’s (S&P), uma das principais agências de classificação de riscos do mundo, anunciou, na última sexta-feira (31), que reavaliou o perfil de crédito da Azul (AZUL4) depois de sua troca de dívida, renegociação de passivos de arrendamento e emissão de notas superprioritárias.
Como resultado, ela elevou sua nota de crédito de longo prazo de ‘SD’, equivalente a Default Seletivo, para ‘CCC+’, em escala global, e para ‘brBB+’ em escala nacional. Ambas com perspectiva ‘Positiva’.
De acordo com a publicação, a elevação reflete a reestruturação bem-sucedida da dívida da Azul e uma estrutura de capital ligeiramente melhor.
“A troca teve uma aceitação agregada de mais de 97%. Essa transação não antecipa datas de vencimento, as quais são distantes, e nem contempla cortes (haircuts) de capital”, afirma.
“No entanto, ela incorpora a conversão em ações de algumas obrigações e também gera algum alívio nas despesas com juros-caixa, com algumas dívidas tendo opções de pagamento em espécie (PIK – payment-in-kind)”.
Com isso, a agência projeta que as perspectivas de liquidez da companhia apresentaram uma melhora, já que ela levantou US$500 milhões junto das trocas, sendo US$150 milhões para serem usados para pagar imediatamente o financiamento-ponte recebido em Outubro de 2024.
“As notas superprioritárias terão uma garantia prioritária sobre a garantia compartilhada com as notas trocadas que vencem em 2028, 2029 e 2030, e adicionarão notas da Azul Cargo e da TAP Air como garantia”, comentam.
“A Azul também tem a opção de pagar os juros dessas notas com caixa ou em espécie”.
Esse cenário, atrelado à ausência de vencimentos de dívidas significativos para este e o próximo ano “trazem um alívio considerável à posição de liquidez da empresa”.
Apesar disso, a agência acredita que a companhia continuará “altamente alavancada”, ocasionada por uma geração de fluxo de caixa operacional livre fraca nos próximos dois anos, apesar dos resultados sólidos que a companhia deve apresentar, “o que impede uma desalavancagem mais rápida”.
Sendo assim, a perspectiva ‘Positiva’ reflete as expectativas da S&P “de que a Azul continuará expandindo sua capacidade e reportando um desempenho operacional sólido, com crescimento do EBITDA e FOCF ligeiramente positivo. Tal perspectiva é consistente com dívida cobre EBITDA de 4,5x-5,0x e FFO sobre dívida de cerca de 10% em 2025 e 2026”.
Para ter sua nota de crédito elevada, a Azul precisaria registrar um crescimento sólido da receita, além de ter de manter um desempenho operacional saudável.
“Isso incluiria um aumento no EBITDA em linha com nossas expectativas, de modo que a Azul pudesse atingir um FOCF positivo e também manter algum colchão de liquidez”, afirma a agência.
“Uma elevação também seria consistente com dívida ajustada pela S&P Global Ratings sobre EBITDA abaixo de 5,0x e FFO sobre dívida aproximando-se de 10% nos próximos 12 meses”.
Por outro lado, para ter sua perspectiva rebaixada, ela precisaria que, em meio à depreciação cambial e às más condições econômicas, seus negócios venham a estagnar, os yields sejam materialmente menores ou caso os preços dos combustíveis sejam mais altos do que no cenário-base da agência, fazendo com que “a alavancagem permaneça insustentável e a empresa relate déficits persistentes de FOCF e liquidez mais restrita”.